terça-feira, 27 de março de 2012

Pstu convida: Lançamento da Secretaria de Mulheres do Pstu/Ma


A luta contra todas as opressões é uma tradição da nossa organização que precisa ser encarada, por homens e mulheres, como uma atividade cotidiana. E deve ser uma de nossas principais batalhas nos sindicatos e no movimento. Isso não significa nos afastarmos das lutas mais gerais da sociedade, contra os governos, os patrões e o capitalismo, mas de combiná-las com as reivindicações mais específicas da luta das mulheres trabalhadoras. Pois não há saída para estas dentro do sistema capitalista.

Aqui no Maranhão precisamos conferir um combate diário contra toda forma de opressão e os ataques da oligarquia. A Secretaria de Mulheres do PSTU/MA se reorganiza como parte da luta para derrotar a burguesia e instaurar o socialismo em todo o mundo. Contra o machismo, por uma sociedade sem desigualdade, preconceito e injustiça.

Fazemos um chamado às companheiras que estão conosco lado a lado na militância, na luta de cada categoria, escola, universidade, ocupação para que venham conhecer e debater conosco um programa socialista para as mulheres da nossa classe.

Dia: 30/03 (sexta-feira)
Horário: 19h
Local: Sede do Pstu - Av. Newton Bello, 496, sala 10, Monte Castelo (próximo a Igreja Nossa Senhora da Conceição)


domingo, 11 de março de 2012

Meu cabelo é bom, ruim é o racismo!

Por Claudicea Durans, pelo Quilombo Raça e Classe do Maranhão

Este foi o tema do Ato Público organizado por diversas entidades do Movimento Negro, realizado na manhã de sexta-feira (9) em frente à escola pública Unidade Estado do Pará no bairro da Liberdade em São Luís- MA.

O ato que ganhou repercussão na imprensa local, aconteceu em função da estudante Ana Carolina Soares Bastos, de 19 anos, ser impedida de entrar na escola por conta de seu cabelo black power e só poderia regressar a escola quando mudasse o estilo de penteado.

A estudante comenta que ao chegar à escola foi surpreendida pela diretora falando que tinha se espantando com os seus cabelos e pediu que se retirasse da instituição, depois não satisfeita perguntou por que usava o “cabelo daquele jeito”. Ana Carolina que é engajada no movimento negro e participa de bloco afro, respondeu que é o seu estilo, sua identidade como negra. Este fato aconteceu no final do mês passado e veio à tona por conta de denuncias da própria estudante.

Esta não é a primeira vez que situações como estas ocorrem nesta escola, há vários relatos de alunos, bem como de organizações afro-culturais de que foram impedidas de realizarem atividades pedagógicas junto ao corpo discente. A agremiação Netos de Nanã, grupo do próprio bairro, relata que várias vezes tentou construir atividades culturais de matrizes africanas na escola, mas foi impedida pela direção, o que levou a aproximação com escolas em bairros mais próximos.

As atitudes da diretora, há várias décadas à frente da escola, demonstra autoritarismo, total desprezo pela cultura africana e afro descentes, despreparo e desrespeito para lidar com a diversidade pluriétnica e multicultural, sobretudo quando pouco interessa para sua gestão a interlocução com a comunidade no qual se encontra a escola. Ela se situa no bairro da Liberdade, bairro este com maior população negra de São Luís, considerado pelo movimento negro como o maior quilombo urbano do Maranhão, rico em manifestações culturais de origem africana.

Caso como este não é isolado, negros e negras tem vivenciado situações de humilhações e ofensas raciais diariamente em diferentes espaços públicos e que se expressam em distintas formas como: piadas racistas, batidas policiais, agressões físicas e morais, que muitas vezes não são denunciadas pelo constrangimento, humilhação, tristeza, frustrações e revoltas que causam às pessoas que as denunciam, mas precisam ser denunciadas para que sirvam de exemplos e possam de fato serem punidas já que o racismo é crime inafiançável e imprescritível.

O racismo tem diferentes facetas. A utilização de estereótipos negativos e a ridicularização das caracterís
ticas e tratos físicos é mais um aspecto desse racismo, que é em nossa análise, ao mesmo tempo silencioso, cruel e violento, age para negar a identidade negra, destruir os valores culturais, históricos e físicos desta população, destruindo a sua autoestima.

O fato dessa atitude discriminatória ter ocorrido na escola nos remete a reflexão que esta situação é comum no ambiente escolar e que a escola tem sido historicamente um instrumento de reprodução das ideologias dominantes, sendo o racismo, mais um elemento para garantir a opressão e a exploração sobre os negros.

A escola que deveria ser o espaço acolhedor de diferentes grupos étnicos, garantindo a todos igualdade,
liberdade de opinião, de culturas e identidades, exclui as camadas populares, nega sua história e constrói visões de mundo elitista, além de quem muitos negros (as) não tem acesso a ela.

Nós do Movimento Negro Quilombo Raça e Classe consideramos importante não só denunciar as práticas racistas, mas também as estruturas de poder que relegam ao negro a lugar da inferioridade.

Pelo Fim do Racismo!

sábado, 10 de março de 2012

Nota Política do PSTU sobre as eleições municipais no Maranhão

O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) vem a público posicionar-se sobre o processo eleitoral de 2012 no Maranhão.


Primeiramente, reafirmamos nossa oposição firme às administrações municipais do nosso Estado. São gestões desastrosas e a população sofre com esta situação. As prefeituras não oferecem educação de qualidade e saúde digna para a população, não garantem serviços públicos satisfatórios, acesso à moradia, produção e ao trabalho, são péssimos os serviços de transporte e os bairros não possuem condições dignas de sobrevivência.


O Maranhão necessita de candidaturas socialistas e dos trabalhadores


Diante deste quadro, necessitamos mudar a realidade e apresentar candidaturas a prefeito que representem as reivindicações dos setores explorados e oprimidos, pois estes são os que mais sofrem com a irresponsabilidade social das administrações municipais.

O PSTU sempre esteve na luta real dos trabalhadores do Maranhão, denunciando os governos que não os representam e organizando a luta por melhores condições de vida e contra os ataques provenientes dos patrões e governos.

Portanto, tem legitimidade para apresentar e encabeçar candidaturas de esquerda, classista e socialista às prefeituras, pois diariamente, independente de período eleitoral, estamos nas lutas sociais, seja no campo sindical, no movimento popular, operariado, nas lutas contra as opressões, nas reivindicações da periferia e do povo pobre ou na juventude.


Construção de uma Frente de Esquerda


Para fortalecer esta candidatura, fazemos um chamamento ao PCB e PSOL com o intuito de construir uma FRENTE DE ESQUERDA, com um programa classista e socialista e que combata a falsa polarização do PT/PMDB e PCdoB/PP/PTC/PSB que representam proximidades de projetos e apenas fazem uma disputa de poder, mas que não mudarão esta triste realidade do nosso estado, pois ambos os grupos mantém laços com o os poderosos que governam o Maranhão e com o grupo Sarney.


Frente que combata as políticas nacionais do governo Dilma e seus representantes nas prefeituras municipais que atacam os direitos dos trabalhadores com terceirizações, privatizações, congelamento salarial e ataques aos servidores públicos federais, estaduais e municipais, péssimas condições de saúde e educação e projetos de moradia e transporte que só favorecem as grandes empresas.


A frente deve disputar a consciência dos trabalhadores e da juventude e prepará-los para uma experiência de governo dos trabalhadores. Deve unir os professores e técnicos-administrativos da educação, trabalhadores rurais, profissionais da saúde, estudantes, operários, funcionários públicos, sindicatos, movimentos sociais, associações de moradores, estudantes e o povo pobre contra os exploradores e poderosos em torno de um programa classista e socialista que represente suas reivindicações e defenda, entre outros pontos:

Saúde pública gratuita e de boa qualidade, com estatização de clínicas e hospitais, distribuição gratuita de remédios e medidas necessárias para que a CAEMA garanta a cobertura de rede de água e tratamento de esgoto em 100% dos municípios;


Educação pública gratuita e de qualidade, com valorização dos profissionais da educação, garantia de salários dignos, creches e vagas no ensino fundamental para todas as crianças e ampliação de verbas no orçamento municipal;


Aumento de impostos para os mais ricos, com IPTU progressivo e isenção para os mais pobres.


Grande programa de abastecimento alimentar para as cidades, principalmente com incentivo à agricultura e pesca;


Amplo programa de construção de moradias populares através da participação dos trabalhadores; expropriação de grandes terrenos ociosos e regularização imediata das áreas de ocupação no campo e na cidade;


Garantia aos portadores de deficiência do acesso ao transporte, educação, saúde, trabalho, comunicação e informação, com o fortalecimento dos Conselhos Municipais de pessoas com deficiência;


Combate ao machismo, ao racismo e à homofobia.



São Luís, 10 de março de 2012


PSTU - Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado

terça-feira, 6 de março de 2012

8 de março - Não basta ser mulher!

Por Lourdimar Silva e Rielda Alves

Neste 08 de março que se aproxima é preciso, além de resgatar o importante histórico de luta desta data, colocarmos na ordem do dia a necessidade de discutir de forma permanente a opressão sofrida pelas mulheres e como o machismo tem sido usado pra dividir as lutas da classe trabalhadora. Na última eleição pra presidência da República houve grandes expectativas de que a situação das mulheres trabalhadoras poderia mudar e que o machismo poderia diminuir a partir da ocupação do cargo de presidência, por uma mulher. A realidade mostra que mesmo com algumas mudanças na realidade das mulheres trabalhadoras o machismo segue avançando na sociedade.

Mulher x Poder


Dilma desde o inicio do seu governo já retirou em pouco mais de um ano, 150 bilhões do orçamento previsto para investir em educação, saúde e moradia, entre outros. As mulheres, por serem parte dos setores mais explorados, sentem fortemente os efeitos desses cortes. Além disso, Dilma usou o tema da legalização do aborto, histórica bandeira de luta do movimento feminista, como moeda pra garantir sua eleição com apoio dos setores religiosos. E com esse mesmo apoio segue criminalizando a pratica do aborto, exemplo disso é a instituição da MP 557, que visa o cadastro nacional de mulheres grávidas como forma de combater a morte materna, mas que na verdade não trata de uma das principais causas de morte de mulheres hoje, o aborto clandestino. Essa é mais uma forma de violência contra a mulher.

Os ataques do Governo Dilma às condições de vida dos homens e mulheres trabalhadoras demonstram a institucionalização de uma violência que mata mulheres todos os dias, pois se por um lado não oferece a legalização do aborto, também não oferece uma maternidade com qualidade, basta vermos a situação de precariedade da saúde pública.

No Brasil houve um aumento nos homicídios de mulheres. De acordo com o Mapa da Violência elaborado pelo Ministério da Justiça e divulgado em abril de 2011, a violência contra a mulher não apresentou nenhuma queda nos últimos dez anos. Os casos de agressão não apenas não diminuíram como aumentaram.

A Presidente Dilma Rousseff afirmou que iria combater a violência contra mulher, fortalecendo a Lei Maria da Penha e que os mecanismos de proteção à mulher seriam prioridade em seu governo. Os cortes orçamentários nas verbas para a Secretaria de Políticas para as Mulheres demonstram o contrário.

O que dizer do Maranhão?

Se isso é uma demonstração daquilo que não foi feito por uma mulher na presidência, o que dizer então de um Estado que tem também uma mulher no poder, que faz parte de uma oligarquia que domina a população a mais de 40 anos? É o caso do Estado do Maranhão. Aqui já se tem alguma experiência de que ter uma mulher no poder não é condição suficiente para a melhoria de vida das mulheres.

A situação das mulheres trabalhadoras no Maranhão não destoa do restante do país. O quadro de violência contra a mulher no Maranhão é uma mostra de que o machismo segue crescendo e que os governos tanto estaduais como federais nada tem feito pra que isso mude. Pelo contrário, Roseana Sarney (PMDB/PT) gasta mais de 10 milhões com a Escola de Samba Beija-flor em contraste com as mais de 240 mil crianças em idade de 7 a 14 anos trabalhando para sobreviver, com as mais de 3 milhões de pessoas na dependência do bolsa família e o pior IDH do país. Sem contar que em nada tem ampliado os investimento para o combate à violência contra a mulher ou qualquer medida de combate ao machismo.

Dados preliminares do próprio Governo do Estado revelam que o número de mulheres mortas de forma violenta é superior ao de detentos assassinados no sistema carcerário no Maranhão. As informações preliminares da Secretaria Estadual da Mulher ( SEMU ), revelam que foram 54 os homicídios em delegacias e presídios do estado, contra pelo menos 62 casos de mulheres brutalmente assassinadas. Mais de 25% das mulheres foram mortas de forma brutal, fruto de ciúmes ou não aceitação do fim do relacionamento, por seus parceiros. Um Estado que não tem politica pra atender as necessidades dos trabalhadores, também não tem politica pra atender as necessidades especificas das mulheres trabalhadoras, reforçando e usando o machismo pra reproduzir uma forma de sociedade baseada no lucro e na não socialização do que se produz.

Um Estado que conta anualmente com 1/3 do PIB, em orçamento público, mais de 11 bilhões. Estes recursos deveriam servir para melhorar os serviços prestados a população. O que justifica a desigualdade gerada pela absurda concentração de riqueza e que nos conduz ao aumento da violência generalizada? O próprio funcionamento do capitalismo nos mostra que essa é sua lógica, e que enquando ele existir, vai existir desigualdade e miséria.

As mulheres no Maranhão são a maior parte desse povo explorado e violentado diariamente pelos desmandos da oligarquia Sarney. São as mulheres negras, pobres, indígenas, quilombolas, as mulheres da grande periferia de São Luis, que seguem sem qualquer expectativa de mudança de vida. A violência doméstica tem sido um retrato de como o machismo mata todos os dias. Um triste exemplo disso foi o que ocorreu recentemente na noite da última sexta-feira, 2, quando Maria Sara Gregório Guajajara, adolescente de 13 anos, foi encontrada morta dentro de uma casa na periferia de Grajaú (MA), nas proximidades do Bairro Expoagra, perto de sua própria residência. Na casa onde a jovem foi encontrada, os familiares observaram que ela estava com marcas de violência por todo o corpo, além de uma corda no pescoço. Maria Sara estava sentada numa cadeira, como se tivesse sido enforcada. O principal suspeito é o companheiro, que não é índio e desapareceu logo após avisar os familiares da jovem. Conforme informou os pais da indígena morta, o nome dele é Manoel e que deve tem uns 30 anos de idade.

Pelo fim da violência! Abaixo o machismo!

Exigimos que os direitos específicos das mulheres sejam atendidos. Que a Lei Maria da Penha seja efetivamente aplicada e ampliada! Que seja levado em consideração as especificidades da saúde da mulher e que todas que tenham filhos tenham direito a creche em tempo integral!
Exigimos melhorias na qualidade de vida das mulheres, que sofrem diariamente com o machismo, porém, somente o fim dessa oligarquia e o combate estrutural ao capitalismo é que podem mudar de fato a vida de milhões de mulheres e homens trabalhadores. E por isso afirmamos que as mulheres tem opção. A opção da luta! Essa é uma tarefa que está colocada pra mulheres e homens, uma tarefa que requer disposição e um grito de basta. Basta de machismo, basta de violência, basta de exploração!

Não basta ser mulher, é preciso governar para @s trabalhadores!

segunda-feira, 5 de março de 2012

Monteiro Lobato, um racista consciente

Em 2010 quando o Conselho Federal de Educação considerou o livro As Caçadas de Pedrinho do escritor Monteiro Lobato (1882-1948) como racista uma multidão de intelectuais brasileiros se transformaram rapidamente em advogados apaixonados do referido escritor. Para esses intelectuais, Monteiro Lobato não era um racista, nem tampouco suas obras. Mas, será mesmo? Vejamos.

Os contos que deram origem ao seriado global O Sítio do Picapau Amarelo demonstram por si só o caráter racista de Monteiro Lobato. Nele só os brancos vivem as aventuras (Narizinho, Pedrinho, Dona Benta, Emilia, Visconde, etc.) enquanto os negros não passavam de serviçais e “pestinhas” (Tio Barnabé, Tia Nastácia e os sacis). Porém, alguns alegam que foi a Rede Globo quem deu o tom racista a esses contos. É verdade que a Rede Globo é um poço sem fundo de racismo, mas Monteiro Lobato não fica nem um pouquinho atrás de Roberto Marinho. No livro As Caçadas de Pedrinho ele escreve “Tia Nastácia, esquecida de seus numerosos reumatismo, trepou, que nem macaca de carvão”.

Na verdade, os defensores da “honra” do grande escritor brasileiro não demonstram a mesma preocupação com a autoestima de milhões de crianças negras que são obrigadas a ler esses contos racistas no interior de suas escolas. Mas, não é só isso. Em 2011, foram reveladas cerca de 20 cartas inéditas de Monteiro Lobato que demonstram claramente que ele não era só um escritor contaminado por preconceitos de sua época, mas um racista consciente e da pior espécie. Uma excelente matéria escrita por André Nigri foi publicada na revista Bravo! a respeito dessas cartas. Em uma delas Monteiro Lobato escreve que “País de mestiço onde branco não tem força para organizar uma Ku Klux Klan, é um país perdido”, ou seja, o desejo dele era que os brancos brasileiros criassem uma organização que exterminasse negros, assim como fez os brancos racistas dos Estados Unidos após a Guerra Civil que culminou com a abolição da escravidão naquele país.

As cartas de Lobato eram enviadas, sobretudo, para o paulista Renato Kehl (1889-1974) e para o baiano Arthur Neiva (1880-1943) ambos defensores de que negros e mestiços fossem esterilizados para não reproduzir mais por serem considerados “inferiores”. Essa política ficou conhecida como “eugenia negativa”, baseada na ideia de que a raça branca/ariana era superior a todas as demais. Foi na eugenia que os nazistas se apoiaram para eliminar mais de 8 milhões de judeus.

Monteiro Lobato não é só um homem do seu tempo, na verdade ele é um produto consciente do sistema capitalista e do racismo branco e faz parte do grupo daqueles intelectuais que buscavam estabelecer o vínculo orgânico entre a superestrutura, onde se encontra as ideologias, com a infraestrutura, onde se acomodam as classes sociais e os grupos étnicos. Para muitos desses intelectuais era o contingente negro que fazia do Brasil um país atrasado e não a impotência da burguesia brasileira em romper com a dominação que o imperialismo exercia sobre o nosso país. Diante dessa situação preferiam defender que seria necessário branquear o país para que o mesmo alcançasse o status de civilização e para isso nada melhor do que organizar uma Ku Klux Klan tupiniquim.

Quando Marx afirma que “as ideologias de todas as épocas é a ideologia da classe dominante” ele estava querendo explicar que toda formação social tem a sua ideologia correspondente, ideologia essa que serve para falsear a realidade social e justificar a dominação de classe.

Monteiro Lobato e tantos outros de sua época eram parte de um bloco ideológico a serviço dos interesses da nascente burguesia brasileira e de suas velhas oligarquias que precisavam de intelectuais orgânicos que justificasse a exclusão estrutural do negro no pós-abolição e que, por outro lado, legitimasse a burguesia branca enquanto classe/etnia dominante.

Em outras palavras, a exclusão do negro estaria justificada em razão de sua suposta “inferioridade” e não como decorrência de uma política deliberada de seletividade racial aliada à incapacidade das elites brasileiras de se enfrentarem com a dominação imperialista que limitava o desenvolvimento das forças produtivas em nosso país. Em meio a isso, o etnocídio (eliminação cultural) ou o genocídio (eliminação física) sempre foram armas muito bem usadas por essas classes contra o povo negro e justificadas por seus intelectuais.

Basta ver nas estáticas a cor das principais vítimas de homicídios, desempregos, analfabetismo e detenções para se dá conta de que o projeto de “eliminação racial” que Monteiro Lobato abraçou conscientemente se realiza cotidianamente no Brasil. O massacre de Pinheirinho levado a cabo pelo PSDB de Alckmin e os despejos de dezenas de comunidade quilombolas a mando do governo Dilma do PT são exemplo emblemáticos da perenidade dessa política de “purificação racial”.

Os trabalhadores de maneira geral precisam ter clareza de que o racismo não é ahistórico e nem muito menos flutua acima das classes sociais, o racismo é uma ideologia orgânica do capital, portanto, a luta pela sua eliminação deve ser combinada com a luta pela destruição do capitalismo. Para isso é necessário que os explorados e oprimidos se organizem de maneira autônoma e independente do Estado, da burguesia e das organizações de direita.



por Hertz Dias