No
ato de refiliação de Marta Suplicy ao PT, para formar a chapa como
Guilherme Boulo (PSOL)
para prefeitura de São Paulo, este último disse que
“se duvidar Lula traz até o Tarcísio
para nossa chapa.” Pois bem, essa conjectura feita
por Boulos pode se concretizar nas
eleições para a prefeitura de São Luís. Segundo noticia
amplamente divulgada
pelo país,
Flávio Dino, antes de ser nomeado como
Ministro para o STF,
teria costurado uma amplíssima coligação em torno do nome de
Duarte Júnior
(PSB-MA)
que vai
desde federação
PT-PV-PCdoB, passando
pela federação
PSDB-Cidadania, até
o PL de Bolsonaro. Não
existe, ainda,
nada formalizado,
mas até o momento nenhum dos
partidos da
Frente Ampla negou essa
possibilidade.
Se
tal coligação se confirmar, não será surpresa. Nos dois governos
de Flávio Dino, o primeiro pelo PCdoB, o segundo pelo PSB, o que não
faltou foi sarneísta e bolsonarista em sua base de apoio, algo que
ele mesmo fez questão de frisar durante sua sabatina no Senado. O
governo de Carlos Brandão, também PSB, não foge a regra. Aliás,
este chega a ser mais à direita do que os governos de Flávio Dino,
a ponto de não sofrer nenhum tipo de oposição no parlamento, nem
pela direita, nem pela esquerda. Até o deputados bolsonaristas,
Wellington do Curso e Yglésio Moyses, que faziam oposição à
Flávio Dino pela direita, passaram para a base de Brandão. Já o
seu irmão do atual govenador, Marcus Brandão, foi alçado a
presidência do MDB do Maranhão, o principal partido da oligarquia
Sarney. Ou seja, esse elevadíssimo grau de malabarismo politico
mostra que para esses partidos e políticos profissionais, a classe
trabalhadora não passa de massa de manobra.
Porém,
com as organizações da dita esquerda maranhense não é diferente.
Em nome de um pseudo-combate a ultradireita, que chamam genericamente
de fascistas, vale também todo tipo de manobras e acordos. Mesmo com
todos os ataques que Brandão e o parlamento estadual tem desferido
contra os servidores públicos, os quilombolas, os povos indígenas,
as mulheres, os negros, as pessoas LGBTqI,
essa esquerda não só apoia esse governo, como faz parte do mesmo. O
vice de Brandão é Felipe Camarão do PT, que na Secretaria de
Educação, não cansa de atacar os professores.
Para
alguns dirigentes do PSOL, Carlos Brandão, que tem as mãos e os pés
manchados com sangue de nossa gente, não é inimigo dos
trabalhadores, mas um simples adversário. Os discursos e as
caracterizações desses dirigentes mudam ao bel prazer dos seus
interesses eleitorais e escondem a essência de tais manobras. Em
São Paulo, o PSOL pressiona para que Tabata Amaral (PSB) desista da
sua pré-candidatura para prefeitura da cidade e declare apoio à
Guilherme Boullos (PSOL-SP). Caso isso se confirme, o PSOL do
Maranhão será pressionado a entrar na frente com Duarte Júnior
(PSB) como moeda de troca aos acordos costurados na capital paulista.
Se já seria grave entrar numa Frente com Duarte Júnior, com as
famílias Brandão e Sarney, o mais escandaloso seria a participação
do PSOL numa frente eleitoral com o PL de Bolsonaro e Josemar
Maranhãozinho. Contudo, só o fato de existir essa possibilidade, já
demonstra que o discurso de “defesa da democracia” e de se unir
com deus e o diabo para “combater o fascismo” não passa de
oportunismo eleitoreiro, em detrimento dos concretos da classes
trabalhadora e de seus segmentos oprimidos
Na
verdade, o próprio Lula desautorizou a
utilização da consigna “Prisão para Bolsonaro” nos
atos previsto para acontecer no
dia 23 de março,
e assim foi feito. Tais
atos serão
de apoio ao seu governo e
não terá as pautas
centrais de toca os trabalhadores.
Lula também desautorizou a
realização dos atos em memória
ao golpe militar de 1964,
para não desagradar a cúpula golpista
do exército
brasileiro e um setor do bolsonarismo
com quem busca se reconciliar. Tudo
isso mostra, que será impossível derrotar a
ultradireita sem preservar total
independência em relação a este
governo, o qual devemos fazer
oposição pela esquerda.
Nem
Braide, nem Duarte, nem Wellington do Curso: São Luís precisa ser
governada pela classe trabalhadora
Temos
acordo que a ultradireita deve ser derrotada, porém se aliar com os
inimigos históricos dos trabalhadores e até com a própria
ultradireita, não é o caminho. Também somos defensores ferrenhos
das liberdades democráticas, que
não deve ser
confundida
com a defesa da democracia de maneira genérica, no caso em questão,
a democracia burguesa que é justamente a democracia que encarcera e
assassina a juventude preta e
pobre das
periferias, que é conivente com os assassinatos cruéis de pessoas
LGBTQI,
os quais o
governo Brandão se
limita a caracterizar como latrocínios, uma
democracia que faz
vista grossa
ao
crescimento espantoso do feminicídio
em
nosso estado,
que
trata-nos
como bandidos em
nossas greves, a exemplo da greve dos professores do
estado e do município de São Luís e
dos rodoviários, que encoberta parlamentar acusado de abuso sexual,
como no
caso do vereador Domingos Paz, que
aprova leis em defesa do agronegócio e
contra os povos do campo,
a
exemplo
da
Lei
614/2023,
conhecida como lei da
grilagem
de
terra,
e
que se curva aos grandes grupos empresariais que transformaram São
Luís na
cidade
mais
poluída do Brasil, que só em 2022
atingiu
589 níveis
de emergência em razão do excesso
de poluentes no
ar. Não,
camaradas, essa democracia nós queremos e devemos superar, bem
como derrotar
todos os
seus representantes, porque são representantes dos interesses dos
nossos inimigos, a burguesia.
Como
parte disso, o
prefeito
Eduardo Braide,
do
partido bolsonarista PSD,
que ameaçou exonerar professores grevistas,
mas que todo ano transfere milhões dos cofres públicos
aos
empresários dos transportes coletivos, deve ser derrotado. O mesmo
com Wellington do Curso, que é
pré-candidato
candidato pelo Novo, partido da base de Bolsonaro. Sobre Duarte
Júnior,
que
antes de se filiar ao PSB, era do Republicano, partidos dos filhos de
Bolsonaro, já
tratamos acima. Ou
seja, todos
eles, além
de serem
inimigos
dos trabalhadores, estarão de mãos dadas com o
bolsonarismo.
O
caso
mais emblemático
que
mostra que todos eles são do mesmo campo de classe, é
o do
deputado
estadual
Eric
Costa, que
apresentou o racista e genocida Projeto da Lei da grilagem,
que foi abraçado e sancionado por Brandão. Ele
é do PSD,
o partido
de Braide. Entenderam?
Na verdade, aquela
briguinha entre eles pra ver quem faria o carnaval na Beira-Mar, não
passava de uma cortinha de fumaça para esconder esse crime que
estavam cometendo contra os povos do campo e contra
o
meio ambiente. De
modo que, afirmar
que essa gente não é inimiga
dos trabalhadores, é um insulto a nossa classe.
Em
breve, nós do PSTU anunciaremos nosso pré-candidato. Mas, seja quem
for, estaremos no campo aposto ao dessa gente, apresentando um
programa que terá como base, não questões meramente abstratas, mas
as necessidades da classe trabalhadora de São Luís e seus segmentos
oprimidos, bem como o fortalecimento das nossas lutas para enfrentar
os ricaços da ilha. Queremos apresentar um programa e fazer uma
campanha abraçados com nossa classe, e não com os empresários.
Queremos explicar, pacientemente, por que São Luís deve,
URGENTEMENTE, ser governada pelos trabalhadores, apoiados nos
Conselhos Populares. Essa, sim, a democracia que devemos defender e
implementar. Falamos em URGÊNCIA, por que se nossa cidade continuar
nas mãos dos grandes grupos capitalistas, pode se tornar numa ilha
imprópria para a habitação daqui a alguns breves anos.
Para
isso, queremos fazer um chamado fraterno a militância da base do PT,
do PCdoB e do PSOL, que não têm acordo com os arranjos eleitorais
que seus dirigentes têm feito com os poderosos e até com o
bolsonarismo, que despolitizam, deseducam e enfraquecem nossas lutas,
a vir se somar a nossa organização e ajudar a fazermos uma campanha
para mudar os rumos de São Luís.