O PSTU vem a público manifestar sua posição de repúdio às atitudes racistas manifestadas pelo Professor Cloves Saraiva da UFMA contra o estudante de nacionalidade nigeriana Nuhu Ayuba do Curso de Engenharia Química - UFMA. Segundo as denúncias dos colegas de turma feitas através www.peticaopublica.com.br e que exige apuração do caso, o professor em várias situações humilhou e proferiu palavras ofensivas e estereotipadas ao aluno do tipo: “tirou uma péssima nota”, “é um péssimo aluno”, “deveria voltar a África e clarear a sua cor”, mais ainda “somos de mundo diferentes, aqui diferente da África, somos civilizados” e perguntou também “com quantas onças já brigou na África”. Negou-se até a corrigir o trabalho do aluno, limitando-se a escrever “está tudo errado”.
Entendemos que atitudes arbitrárias e discriminatórias como estas afrontam a dignidade humana e devem ser combatidas e punidas, sob pena de se tornarem recorrentes. Por isso, nos somamos à iniciativa dos alunos do Curso de Engenharia Química em publicizar o caso, através de abaixo-assinado com mais de 4.500 assinaturas, fato este que mereceu repercussão na imprensa local e nacional nos últimos dias e exigiu a posição da reitoria da UFMA frente a esse caso.
Para nós do PSTU, a prática racista do professor em desqualificar o desempenho escolar do aluno, e esta não foi a única denúncia realizada, se fundamenta numa tendência em enquadrar o estudante negro num pólo negativo, atribuindo-lhe a atributos como desinteressado e cumpre o papel de diminuir a sua imagem perante a turma, podendo contribuir para produzir sentimentos de baixa-estima.
Este fato por si só já é repugnante, contudo a ação do docente vai mais além, ela extrapola a dimensão individual para o plano coletivo, atingindo a população negra fora e dentro da África com argumentos estereotipados sobre o continente africano, o que demonstra despreparo intelectual e pedagógico para tratar a diversidade humana, assim como total desinformação acerca da diversidade dos países africanos, os quais são vistos pelo professor como bárbaros e selvagens, ao mesmo tempo em que situa a civilização africana num patamar inferior. Portanto, tais idéias são racistas e atingem a população africana e seus descendentes. Exigimos da Universidade Federal do Maranhão punição para este professor, bem como a necessidade urgente do debate racial nesta instituição de ensino acerca da política de inclusão tão apregoada e tão pouco realizada.
Em nossa análise a inclusão pressupõe o aprofundamento das experiências, conhecimentos de diversos povos. O reconhecimento e valorização da cultura, história produzidos pelos africanos e afro-descentes e isto passa pela formação do quadro docente, currículo, abertura de concursos públicos, programas de graduação e pós-graduação que incluam a questão racial como linha de pesquisa. A garantia de permanência, através de contribuição material e pedagógica aos alunos cotistas em seus cursos, bem como utilização lícita e transparente dos recursos públicos desta universidade.
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