quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Lutas estudantis denunciam o descaso com a educação no Maranhão, no Brasil e no mundo

Por Nelson Júnior,

da Juventude do PSTU Maranhão

Nesta última semana tivemos mobilizações estudantis importantes em São Luís. Essas mobilizações aconteceram quando estudantes da rede básica de ensino estadual e municipal, inconformados, não suportaram o descaso com a educação pública no Maranhão.

Os estudantes da escola pública estadual “Coelho Neto” pararam a avenida que dá acesso à escola reivindicando reformas e melhorias em suas instalações. As exigências incluem infraestrutura básica nas salas de aulas e recursos audiovisuais, como a reestruturação da quadra poli-esportiva e laboratórios de informática.

Os estudantes da escola pública municipal “Tancredo Neves” (anexo “Vovó Anita”), também em reivindicação, pedem uma nova escola em vez de um anexo sem infraestrutura adequada. Neste caso, o descaso de 9 anos do poder público reflete o abandono e a falta de políticas educacionais que possam atender as demandas das crianças, adolescentes e da juventude pobre de São Luís.

Em uma análise mais profunda percebemos que o descaso com a educação pública está em todas as esferas dos governos. Ao longo dos 8 anos do governo Lula, pouco se investiu na educação
(menos de 5% do PIB), estando a educação básica cada vez mais sucateada e precarizada. E os governos Dilma (PT), Roseana (PT/PMDB) e João Castelo (PSDB) também são caracterizados como aqueles que não investirão a verba necessária para que a educação possa ser valorizada
e bem estruturada.

Esses governos estão montados sob a lógica de destinar cada vez mais verbas públicas para os bancos, cabendo à classe trabalhadora e seus filhos uma parcela mínima de investimento, sendo ainda, as áreas mais fundamentais (como é o caso da saúde) as primeiras sofrerem cortes
quando em períodos de agravamento das crises econômicas. Desenha-se no governo Dilma a aprovação do novo Plano Nacional de Educação (PNE) com metas que jamais serão alcançadas sem um investimento real para a educação brasileira. O PNE de Dilma não faz um balanço necessário, ficando, por exemplo, o mascaramento de dados reais da taxa de analfabetismo e da insignificante quantidade de jovens que adentram as universidades.

A luta contra esse PNE está expressa hoje por diversas entidades e movimentos sociais em defesa da educação brasileira. A luta pelos “10% do PIB para Educação. Já!” é, na atualidade, uma demanda mais que necessária para que não tenhamos avanços no processo de privatização
da educação no país.

No Maranhão

Se falarmos mais especificamente do Maranhão, no último período eleitoral a atual governadora, Roseana Sarney, prometeu “revolucionar” a educação. Mas o que percebemos é que o governo segue a linha nacional avançando e aprofundando o descaso com este setor.

Na contramão desse processo tivemos lutas e greves dos professores da rede pública estadual que mantiveram-se em 78 dias de paralisação e protestos por todo o estado.

Um novo semestre letivo se inicia e foi a vez dos estudantes estamparem nas ruas suas bandeiras e dizer que quem faz revolução para ter uma educação de qualidade é quem ocupa as ruas, praças e avenidas. Roseana mantêm-se calada depois desses 8 meses de governo. Em 2014, provavelmente, passará para os seus aliados que digam que educação em seu governo será prioridade, mas em outros poucos meses veremos que não.

Em São Luís

Na capital, João Castelo tenta mostrar que “suas escolas” em relação às da rede estadual encontram-se em melhor nível. Sabemos que essa afirmação está distante da realidade vivida na pele pelas crianças ludovicenses. A distribuição de fardas e leite para os estudantes não os silenciarão e tão pouco os deixarão de braços cruzados.

Precárias infraestruturas, professores mal remunerados, falta de investimento real na educação levaram estudantes às ruas de São Luís. Esse e muitos outros exemplos de mobilização acontecem pelo país e mundo à fora.

No mundo

No Chile, por exemplo, esses mobilizações seguem crescendo com a adesão cada vez maior de trabalhadores de todo o país. Uma juventude disposta vai às ruas reivindicar que a educação passe a ser pública e de qualidade. O processo de privatização segue se firmando como políticas de governo, mas que encontra resistência em universidades, escolas e praças.

Essa juventude precisa ser cercada de solidariedade por todos os trabalhadores e estudantes brasileiros. O governo Piñera segue reprimindo e criminalizando as lutas estudantis que já se expressam em cerca de três meses.

Todos esses governos estão vendendo aos poucos a educação dos filhos da classe trabalhadora mundial. É preciso resistir aqui e em todos os cantos do mundo e dizer que educação não deve ser vendida e sim defendida e tida como prioridade.

Um comentário:

  1. Oi Nelson, parabens pelo texto e pela militância. Sou da rede Municipal de ensino, sou professora e atualmente trabalho na Inspeção Escolar. Sofremos açao de despejo daquele casarão na rua 7 de setembro, nao temos mínimas condições de trabalho, falta inclusive ate uma caneta para fazermos um despacho ou mesmo um lugar adequado para atender o público ou nossos professores. Muitas escolas há anos estão em processo de reconhecimento, porém como nosso "Egréjo" conselho só tem um membro que é ativo, demora muito tempo para que saia algum parecer prejudicando muitos alunos e ex-alunos que precisam da documentação.Sem falar do nosso aumento de 7% que nao paga nem o transporte precário e imundo da nossa cidade.Leite e fardamento nao vao nos silenciar jamais, e o que me deixa mais indignada é a burguesia que reclama de seus carros quebrados por buracos nas ruas.
    Abçs
    Vanessa Cardoso -Inspetora - SEMED, ou melhor Vany rekeké.rs

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