domingo, 25 de novembro de 2012

25 de novembro – Dia de luta contra a violência à mulher


Secretaria de Mulheres – PSTU-MA

Dia 25 de novembro de 1960, três ativistas políticas, Patria, Minerva e Maria Teresa, foram assassinadas durante a ditadura na República Dominicana, pelo governo de Rafael Trujillo. As irmãs eram conhecidas como irmãs Mariposas, por sua luta contra aquele governo.  Como forma de resistência e protesto, nessa data, as mulheres saem às ruas e se organizam para exigir o fim da violência. Hoje, em meio as estatísticas  encontramos várias irmãs Mariposas, mortas em decorrência da violência, vítimas de agressões, espancamentos e assassinatos. Isso é uma representação da opressão sofrida pela mulher, naturalizada pelo capitalismo.

De 1980 a 2010, foram assassinadas perto de 91 mil mulheres no Brasil, 43,5 mil só na última década. O número de mortes nesses 30 anos passou de 1.353 para 4.297, o que representa um aumento de 217,6% – mais que triplicando – nos quantitativos de mulheres vítimas de assassinato, segundo o Mapa da Violência 2012 do Instituto Sangari. A violência doméstica é a maior causa de morte e invalidez de mulheres na faixa de 16 a 44 anos. Isso é uma parte do retrato da violência sofrida pela mulher no Brasil. Um retrato que segue crescente e que atinge milhares de mulheres. A violência “invisível”, aquela que não deixa marcas à mostra, também atinge muito as mulheres. É a agressão verbal, a violência psicológica, a cantada mais grosseira.  

O Estado também é violento. A ausência de políticas estatais para assegurar melhores condições de vida para as trabalhadoras, a criminalização do aborto, a não garantia de maternidade digna, e outras tantas formas revelam a violência promovida pelo Estado capitalista, que utiliza a “diferenciação entre homens e mulheres” para aumentar a exploração e a violência física para proteger os lucros dos patrões. O aborto inseguro é a principal causa da morte materna na América Latina. As mulheres negras são as maiores vítimas. A combinação do racismo e machismo faz com que as jovens negras liderem as estatísticas de vítimas por causas externas (homicídios, acidentes, suicídios).

Dados preliminares do próprio Governo do Estado do Maranhão revelam que o número de mulheres mortas de forma violenta é superior ao de detentos assassinados no sistema carcerário no Maranhão. As informações preliminares da Secretaria Estadual da Mulher ( SEMU ), revelam que foram 54 os homicídios em delegacias e presídios do estado, contra pelo menos 62 casos de mulheres brutalmente assassinadas. Mais de 25% das mulheres foram mortas de forma brutal, fruto de ciúmes ou não aceitação do fim do relacionamento, por seus parceiros. A mulher do campo é muito mais vulnerável a violência que a mulher urbana.

Um Estado que não tem politica pra atender as necessidades dos trabalhadores, também não tem politica pra atender as necessidades especificas das mulheres trabalhadoras, reforçando e usando o machismo pra reproduzir uma  sociedade baseada no lucro. É o Estado que usa a diferença entre homens e mulheres para pagar menos para as mulheres. Não são implantadas medidas mínimas, que ajudariam as mulheres se livrar dos afazeres domésticos, como a existência de vagas em creches públicas para todas as crianças, restaurantes e lavanderias gratuitas. A criação de empregos, para que pudessem trabalhar e não serem dependentes economicamente de seus parceiros.

O governo Dilma é um verdadeiro exemplo de que não basta ser mulher para se colocar contra as opressões. A única resposta que o governo Dilma tentou aplicar no combate à violência contra mulher foi a implantação da Lei Maria da Penha, que ainda precisa avançar muito para que se efetive.  A Lei é importante porque tipifica juridicamente a violência contra a mulher, que até então não existia, mas está longe de ser um instrumento eficaz para as trabalhadoras. A Lei foi sancionada, mas não se destinou recursos para sua aplicação. Entretanto, mesmo que fosse aplicada, não seria suficiente. Em muitos pontos a lei é falha.  Não prevê a criação de um sistema integrado de atendimento às mulheres, com psicólogos, assistentes sociais, médicos, advogados e outros. As mulheres vulneráveis, após denunciarem, não têm para onde ir e acabam sendo vítimas fáceis dos agressores. Outro problema da lei é que não prevê medidas de segurança por parte do Estado, especialmente porque são as trabalhadoras as que mais sofrem. Muitas vezes, dependem economicamente do agressor, não podem abandonar seus empregos e ou suas casas para comprar ou alugar outra. Acabam, portanto, se sujeitando ao convívio com o agressor ou em um local conhecido por este.

A alternativa à violência contra a mulher deve assentar em uma luta para garantir mecanismos de proteção às vítimas, mas principalmente condições para que as mulheres possam se libertar de sua condição de oprimida. O capitalismo  utiliza a opressão para justamente manter a exploração, por isso não responde à situação de violência sofrida pelas mulheres. É tarefa da classe trabalhadora travar uma luta que seja capaz de derrubar esse sistema, pois só assim as mulheres poderão ser livres e dar os passos para se livrar da violência. É preciso usar como exemplo as histórias de lutas de tantas “Mariposas” que se sacrificaram e não se calaram diante da superexploração das mulheres. Somente homens e mulheres unidos na luta contra a opressão e a exploração podem libertar a classe da violência capitalista.

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