Em um jogo de cartas marcadas, Oligarquia permanece no poder no Maranhão
Roseana Sarney, em uma eleição apertada, foi declarada eleita governadora do Maranhão. Diante de eleições mais uma vez marcadas pelo abuso do poder político e econômico e suspeitas sobre o sistema eletrônico de votação, os candidatos ligados à Oligarquia garantiram as duas vagas em disputa para o Senado, além da imensa maioria das cadeiras na Câmara Federal e na Assembléia Legislativa. A oligarquia Sarney consegue ainda sair das urnas do segundo turno presidencial com prestígio elevado perante o governo Dilma Roussef.
Após quatro anos da derrota sofrida para Jackson Lago nas urnas e um ano e meio depois de ter retomado o poder estadual através de um golpe no Judiciário, a Oligarquia Sarney volta a obter o controle do Estado através do voto. Voto este conquistado às custas de muito dinheiro (uma verdadeira farra com o uso da máquina pública) e da chantagem política praticada pelo PT e por Lula, que desta vez não só pegou nos braços, mas carregou no colo a candidata Roseana e foi cabo eleitoral de figuras emblemáticas da direita maranhense, como Lobão e João Alberto.
A falsa oposição do Estado representada pelo PDT do ex-governador Jackson Lago e o PC do B-PSB de Flávio Dino e Zé Reinaldo, desta vez disputando a eleição fora das estruturas de governo, não conseguiram levar a disputa para o segundo turno, como em 2006, e ficam mais quatro anos longe do controle do Estado. O desgaste das administrações do PDT na capital São Luís e a desastrosa passagem pelo governo estadual, aliado às incertezas colocadas no Judiciário sobre sua candidatura, resultaram na terceira colocação de Jackson Lago, ultrapassado por Flávio Dino, que ocupou no terreno eleitoral o vácuo político existente e quebrou a polarização Roseana – Jackson.
Apesar da falta de legitimidade do governo eleito e da insatisfação de importantes setores da sociedade e movimentos sociais com o resultado das eleições, a falsa oposição vê seu projeto político de retomar ao controle da máquina estatal derrotado nas urnas. Agora, tratarão de remodelar seu projeto eleitoral para novamente em 2014 tentar derrotar a Oligarquia, enquanto as entidades de massa que dirigem no Estado (CTB, UNE, UBES, FETAEMA e sindicatos) permanecerão acomodadas e burocratizadas, sem buscar uma verdadeira mobilização dos trabalhadores do campo e da cidade e da juventude para derrotar o Governo Roseana.
A Oligarquia continua no Maranhão. O que explica?
A razão da persistência da Oligarquia no controle do Maranhão deve ser explicada pelo verdadeiro banditismo em que se transformaram as eleições no nosso Estado. Estamos numa verdadeira terra sem lei. Os casos de fraude no sistema eletrônico de votação, transporte ilegal de eleitores, compra de votos, abuso de poder econômico por parte das grandes candidaturas, embora de conhecimento de muitos, não tiveram a efetiva fiscalização por parte do TRE e do Ministério Público.
Além disso, a Oligarquia, ao mesmo tempo em que mantém as práticas que remontam o início da República, conseguiu se “modernizar”, aproveitando-se das riquezas naturais do Estado e da força de trabalho barata e abundante para ampliar suas alianças e tornar-se sócia minoritária do grande capital nacional e estrangeiro (Vale, Suzano, Eike Batista, Gerdau) que vem se instalando aqui a partir da relocalização do Maranhão dentro do cenário de crise econômica internacional.
Outra razão é que a Oligarquia soube fazer alianças com a burocracia sindical (representada na figura do presidente Lula insistentemente pedindo votos para Roseana, Lobão e João Alberto no rádio e na TV) instalada hoje no governo federal, mantendo-se fiel à política de alinhamento automático com o governo federal aplicada pelos Sarney desde os tempos da Ditadura Militar.
Quem continuará dando as cartas no Maranhão?
Quem continuará ganhando neste governo são as grandes empresas que financiaram as campanhas das candidaturas da Oligarquia e que começam desde já a cobrar a fatura da população. Exemplo disso é a Suzano, empresa do ramo de papel e celulose que contribuiu com quase R$ 350 mil para a campanha de Roseana e que no início deste mês obteve uma licença ambiental para tocar mais um de seus projetos industriais que agridem o meio ambiente e expulsam os trabalhadores rurais de suas terras. Ou ainda, o empresário Eike Batista, até então desconhecido de grande parte dos maranhenses, que contribuiu com R$ 500 mil e repentinamente surgiu como dono de imensas reservas de gás descobertas no Estado.
A se levar em conta a participação das grandes construtoras no financiamento de campanha da Oligarquia Sarney (somente a Dimensão Engenharia, por exemplo, doou R$ 700 mil para o Comitê do PMDB-MA), elas continuarão lucrando milhões com os empreendimentos imobiliários que se espalham com espantosa rapidez no Estado (através do programa Minha Casa, Minha Vida do governo Lula) às custas da degradação ambiental e do despejo forçado de milhares de famílias que não têm outro lugar para morar.
Notável a participação do agronegócio no financiamento das campanhas. Como dizíamos em um de nossos programas eleitorais, ele financia as candidaturas de Roseana, Jackson e Dino. O empresário goiano Osvaldo Correa Borges, da Companhia de Distribuição Araguaia, dona da marca de arroz Tio Jorge, doou sozinho R$ 1 milhão e meio para candidata Roseana Sarney (PMDB), enquanto o principal doador privado da campanha de Flávio Dino (PC do B) foi a Alcana Destilaria, controlada pelo grupo inglês Infinity Bio-Energy (que investe no etanol), que doou R$ 500 mil para a "campanha comunista".
O que é preciso fazer agora? Lutar, lutar e lutar!
Muitos trabalhadores, camponeses e a juventude do Estado, ao analisar o resultado da eleição, podem pensar que não adianta o que se faça, os Sarney sempre vencerão, seja comprando votos ou no Judiciário. Aqueles que nutriam a esperança de que após a chegada de Lula ao poder a Oligarquia seria varrida do Maranhão tiveram que ver o PT coligado ao PMDB, indicando o vice (Washington Luiz) na chapa de Roseana e o presidente Lula sair do governo ainda mais comprometido com os interesses dos Sarney no Maranhão.
Nós do PSTU, entretanto, alertamos que é possível vencer sim a Oligarquia, mas não podemos depositar todas as nossas esperanças para daqui a mais quatro anos, em um novo processo eleitoral. Também não devemos confiar no discurso regional anti-oligarquia, que se transforma em aliança no plano nacional para sustentar o governo Dilma, muito menos nos setores que se identificam nacionalmente com a oposição de direita e apoiaram José Serra no segundo turno (PSDB).
É necessário que as organizações classistas e demais movimentos sociais que mantêm a resistência ao governo Roseana Sarney busquem organizar as lutas contra o latifúndio, o agronegócio e os especuladores imobiliários. A luta contra a Oligarquia é indissociável da luta contra as grandes empresas que exploram os trabalhadores do nosso Estado, da construção de uma alternativa combativa frente às burocracias sindicais e estudantis e de ser oposição de esquerda ao Governo Dilma. O PSTU está firmemente comprometido com esta tarefa.
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