quarta-feira, 30 de junho de 2021

Nota de solidariedade a Comunidade Gostoso no Maranhão

No último dia 26 de Junho a comunidade de Gostoso localizada no município de Aldeias Altas foi alvo de mais uma ação violenta por parte do Grupo Costa Pinto/Itapecuru Bionergia, com tratores e homens armados.  A empresa deixou um rastro de devastação na comunidade, além da insegurança, ameaças e do medo que algo mais grave possa acontecer com os camponeses.

A comunidade já convive há décadas com as sucessivas violações de seus direitos por parte da empresa, que segue com seu projeto de implantação do monocultivo de açúcar na região com apoio do poder político local.

Toda essa situação tem se agravado e levado o Maranhão a configurar entre os estados mais violentos para camponeses, indígenas e quilombolas, segundo dados da CPT (Comissão Pastoral da Terra), ficando apenas atrás do Pará em ocorrências e violações as comunidades tradicionais.

O desmonte das políticas fundiárias e a omissão do governo de Flávio Dino, recém filiado ao PSB, têm contribuído e sinalizado cada vez para o latifúndio o agronegócio que a porteira está aberta e que a boiada pode passar.

Algumas famílias, que há décadas são ameaçadas pela empresa ‘Costa Pinto’, a qual invade o território para o cultivo da monocultura da cana-de-açúcar, foram expulsas pela mesma empresa de outras áreas em décadas passadas.

 Foram relatadas pelos membros da comunidade situações como violência psicológica, ameaças e sabotagem no plantio, além do uso de máquinas, como tratores para destruição das plantações.

A empresa, que conta com o apoio da administração municipal, ao intimidar, ameaçar e destruir comunidades camponesas e seus territórios, alega que estaria gerando empregos para a região. Na verdade, segundo os camponeses, essa empresa  está empurrando as famílias para a miséria das periferias, comprometendo as atuais e futuras gerações.

O PSTU presta toda solidariedade a comunidade Gostoso e exige que o governador Flávio Dino dê um basta a essa política criminosa, garanta a a imediata regularização fundiária e a posse para a comunidade, bem como punir imediatamente a empresa Costa Pinto/Itapecuru Energia pelos crimes cometidos.

É importante também garantir imediata Reparação de todos os danos causados por essa empresa a referida comunidade que  também tem todo o direito de organizar a sua autodefesa.

segunda-feira, 21 de junho de 2021

NOTA: Sobre a saída de Flávio Dino do PC do B

Na última quinta-feira (17) o governador do Maranhão, Flávio Dino, anunciou a saída do PCdoB após 15 anos filiado ao Partido. Logo no dia seguinte confirmou o que a imprensa já noticiava desde o início do ano e anunciou filiação ao PSB. A decisão deve acelerar o troca-troca de partidos dentro da base do governo e um esvaziamento do PCdoB no Maranhão. O presidente da Assembleia Legislativa e o Secretário de Segurança, atualmente filiados ao PCdoB devem ir para o PDT, enquanto o Secretário de Saúde e Duarte Júnior, ex candidato a prefeito de São Luís devem seguir Dino no PSB. Anteriormente, o Secretário de Educação, ex-DEM, de Dino anunciou filiação ao PT.

Apesar de esperada, o anúncio pegou de surpresa até mesmo a cúpula do PCdoB, que aguardava a definição de Dino somente após a votação da reforma eleitoral no Congresso. O PCdoB espera aprovar a possibilidade de formação de federações de partidos (isto é, a união de duas ou mais legendas durante o período eleitoral e manutenção desta parceria por no mínimo quatro anos) para atingir a cláusula de barreira nas eleições de 2022.

Pela cláusula de barreira apenas terão pleno funcionamento parlamentar os partidos que obtiverem o mínimo de 2% dos votos válidos para deputado federal, distribuídos por ao menos 9 estados. Os partidos que não cumprirem tais exigências não poderão eleger líderes na Câmara dos Deputados, formar bancadas, participar da composição das mesas e indicar membros para comissões. Também perderão direito à maior parte dos recursos do fundo partidário e da propaganda eleitoral gratuita.

Em entrevista ao Globo, Flávio Dino alega exatamente as dificuldades impostas pela legislação eleitoral como o principal motivo para sua saída. Há muito tempo, Dino já defendia dentro do Partido o abandono da foice e do martelo e do nome Comunista, além da construção de candidaturas no campo da centro-esquerda ou frentes amplas com setores conservadores. D
ino sempre teve prazo de validade nas fileiras do PCdoB. As últimas movimentações de Dino foram pela fusão do PCdoB com o PSB, um partido burguês que de socialista só tem o nome e que já teve Paulo Skaf, presidente da FIESP, como um dos filiados.

Flávio Dino vai para um partido que lhe garanta estrutura partidária (isto é, dinheiro e tempo de TV) e ainda mais liberdade para fazer alianças com setores conservadores e do Centrão, atualmente grande parte da sua base de apoio na bancada federal e na Assembleia Legislativa, vide seu vice e preferido para sucedê-lo no Governo, Carlos Brandão, atualmente no PSDB e que já passou pelo Republicanos
e vários deputados federais que são, hoje, base de apoio de Bolsonaro e que garantiram ataques duríssimos aos trabalhadores.

Depois de abandonar a carreira de juiz federal, Flávio Dino tomou de assalto a direção estadual do Partido no Maranhão (com apoio do então governador José Reinaldo que havia rompido com a Oligarquia Sarney) e foi eleito deputado federal em 2006, com apoio de uma base sarneysista, como o Coronel Humberto Coutinho, da cidade de Caxias, e o prefeito Tema, de Tuntum, com a utilização de vários convênios do governo estadual.. Desde então, impulsionou a chegada de filiados sem relação nenhuma com os movimentos sociais e de muitos outros ligados diretamente à direita em vários municípios do Estado. Personalizou a direção do Partido, isolou os dirigentes mais antigos e se aproveitou dos cargos no Governo e nas prefeituras para cooptar lideranças e intervir nas organizações sindicais e da juventude que estão sob seu controle.

Nós do PSTU alertamos aos militantes honestos do PCdoB que a saída de Dino do partido e a debandada de seu grupo para outras legendas não vai reverter a tendência do Partido de abandonar de vez os símbolos e os princípios da luta pelo socialismo, porque são consequências da evolução do próprio PCdoB. Não se trata de uma ruptura por diferenças políticas. Essas posições de Dino no governo do Maranhão foram assumidas pela direção do partido, sem nenhum problema. Ele sai pra viabilizar a continuidade da mesma política, sem a limitação da cláusula de barreira, através do PSB.

O que essa crise demonstra não é só o oportunismo de Flávio Dino, mas também a degeneração do PCdoB. O stalinismo é uma corrente reformista que defende a colaboração com setores da burguesia. O PCdoB vem avançando nessa política e, ao mesmo tempo, se integrando de tal maneira no regime democrático burgues, que mudou sua estrutura de partido, de burocrático stalinista para uma concepção social-democrata, em que mandam os parlamentares, prefeitos e governadores.

Por isso, não existem diferenças politicas e programáticas de peso entre Flávio Dino e direção do PCdoB.

A todos aqueles que desejam a construção de uma alternativa socialista, revolucionária e internacionalista, fazemos um chamado a conhecer e militar no PSTU.