sexta-feira, 9 de maio de 2014

A LUTA CONTRA O RACISMO E A TENTATIVA IDIOTIZAÇÃO DA REAÇÃO NEGRA

Hertz Dias - PSTU Maranhão

Com a aproximação dos jogos Copa do Mundo cresce a preocupação da burguesia brasileira e de sua mídia com as mobilizações sociais. Tudo indica que a massa negra, que representa o setor mais oprimido e explorado do proletariado brasileiro, começa a entrar em cena e entra com muita força.
O morro cansou de ganhar o asfalto só com suas manifestações culturais, agora é o morro de “carne e osso” que vai ao asfalto com “palavras de ordem”, faixas e bandeiras para dizer não à violência e ao racismo! Copacabana foi tomada como nunca visto na história e para cada favelado morto pela polícia de São Paulo alguns ônibus são incinerados no asfalto! Nas grandes capitais do país esses fatos se repetem.
O proletariado negro organizado também entra em cena, afinal de contas qual é a origem racial dos garis que dobraram o prefeito Eduardo Paes (PMDB) em pleno carnaval carioca? O fenômeno se estendeu por diversas capitais do Brasil, bem como o fenômeno dos “rolezinhos”.  No campo, centenas de comunidades quilombolas resistem na mesma intensidade. Agregado a isso, os inúmeros casos de racismo ocorridos dentro e fora dos campos de futebol coloca o tema racial no centro do debate político.
Porém, como aconteceram durante as “Jornadas de Junho”, os governos, a burguesia, seus partidos e sua mídia comercial tentam controlar essas rebeliões e banalizar o debate e a luta racial. 
Identificamos duas ideologias centrais para esse intento: uma é tentar demonstrar que os preconceitos, em geral, e o racismo, em particular, afetam todos os brasileiros independente da origem racial e da condição social; e a outra é convencer a população de que esses problemas podem ser superados com ações individualizadas ou com a “não luta”. No geral, as exceções são tomadas como regra geral. Há algumas semanas o Programa da Rede Globo “Encontro com Fátima Bernardes” tratou do tema bullying em que as principais vítimas eram brancas, burgueses ou de classe média. Os “pobres coitados” lembravam emocionados dos preconceitos que enfrentaram na infância por terem a boca grande, o corpinho de modelo, o cabelo longo ou pintado, aparelhos nos dentes, sobrancelhas grossas e até dons artísticos. Em meio às lágrimas e soluços relataram que superaram os bullyings com ações individuais; usando a criatividade, o bom humor ou mesmo “ignorando os preconceitos”. O mundo parecia um lugar onde todos discriminam todos e todos por todos são discriminados.
Desta forma, iguala-se alguém que sofre preconceito porque ser “bonita demais” com milhares de pessoas que são discriminadas e mortas por serem negras e pobres. É dessa idiotização que nasce a patética ideia de que o mundo precisa apenas de uma “consciência humana” já que nessa visão distorcida da realidade a consciência negra também produz mais racismo (sic!). Em meio a isso, o jogador do Barcelona, Neymar Júnior, que sempre negou sua origem negra, lança a midiática e ridícula campanha “Somos todos macacos”, que foi imediatamente abraçada por diversos artistas globais. Ao contrário deste, o jogador do Milan, Mário Balotelli, que resolveu enfrentar o racismo com ações mais contundentes, foi rotulado pela imprensa futebolística de provocador, polêmico e marrento. 
No último domingo (04/05/2014) o também jogador do Barcelona, Daniel Alves, ao ser entrevistado no quadro “Na Estrada com Galvão” do programa “Esporte Espetacular”, também da Rede Globo, reforçou a ideia de que combater os racistas não é a melhor forma de combater o racismo, apesar de reconhecer que sofre racismo há 11 anos na Europa. Nota-se que nenhum desses programas relaciona os casos de racismo ocorridos dentro dos campos de futebol com a violência racial cometida contra a população negra de maneira geral. Pelo contrário, Daniel Alves chegou a afirmar no programa supracitado que os racistas dos campos de futebol, talvez, não sejam racistas na vida cotidiana. 
Na verdade, não tendo mais como sustentar a ideia de que o Brasil é uma grande “democracia racial”, a elite brasileira tenta, desesperadamente, criar um novo mito, o do “preconceito democrático”, aquele que pode ser superado com ações individuais ou de preferência com a “não luta”.
Mas, os defensores do “preconceito democrático” não apresentam qualquer estatística que comprove que os opressores estão sofrendo tanto preconceitos quanto os oprimidos. Não apresentam por que não há! Não apresentam porque sabem que os negros, as mulheres e os homossexuais da classe trabalhadora são as principais vitimais das opressões nesse país. Não apresentam porque sabem que os bullyings que os burgueses sofreram de seus coleguinhas nas escolas não os credenciaram as serem baleadas nas costas e arrastadas pelo asfalto quente por mais de 350 metros tendo parte do corpo dilacerado, como aconteceu com a auxiliar de serviços Ana Cláudia. Não os credenciaram porque, diferente dos seus pares de classe, Ana Claudia, Amarildo e DG foram vítimas letais do racismo branco e não de bullyings, que na versão brasileira está servindo como distração ideológica para tornar invisíveis os movimentos de luta contra as opressões e para deslegitimar suas ações coletivas. 
Ora, o que é bullying racial senão eufemismo de racismo!
É preciso lembrar aos modistas de plantão que racismo é uma ideologia que condena e mata negros há centenas de anos no Brasil e em todo o mundo. O novo é a tentativa de banalização dessas práticas e das lutas que devem ser travadas para a sua eliminação. Se um negro discriminado na escola é vítima de bullying, então o que dizer quando o mesmo é morto pela polícia pelo simples fato de ser negro? Amarildo, Ana Claudia, DG e tantos outros foram vítimas de que? De bullying policial”? Sendo assim, o Movimento Negro então deve diluir-se em um hipotético Movimento de Luta contra o Bullying e ensinar os negros a superarem o racismo com ações individuais; quem sabe dançando, cantando ou, preferencialmente, não lutando. É preciso idiotizar as opressões para conter as reações coletivas!

MENOS INDIVIDUALISMO, MAIS ORGANIZAÇÃO POLÍTICA

Nenhuma das ideologias criadas ou resinificadas para garantir a dominação, a humilhação e a exploração capitalista, a exemplo do racismo, podem ser combatidas de maneira consequente com ações individualizadas. Mais do que uma tática circunstancial, o individualismo é a espinha dorsal de sustentação do capitalismo. A equação que atende aos interesses da burguesia não serve aos trabalhadores, nessa relação os opostos não se atraem!
A “batalha das bandeiras”, os ataques aos partidos de esquerdas e aos movimentos sociais ocorridos durante as “Jornadas de Junho” não foi resultado de uma ideologia que brotou de dentro das próprias mobilizações, ela veio de fora, veio da direta direita, da burguesia e da sua mídia comercial. Agora é preciso conter a “fúria negra” que brota das greves, das favelas, dos morros, das palafitas e dos bairros pobres.
A palavra de ordem “Fora UPP” já não é mais um grito só da esquerda, ela se massifica, pela esquerda, no universo da massa negra plebeia sufocada pelo “braço de ferro” do Estado. O argumento de que as mortes ocorridas nos morros cariocas são “incidentes” provocados pela troca de tiros entre policiais e traficantes já não convence tanto, sobretudo, naquelas comunidades em que o próprio governo diz ter “pacificado”. Se existe confronto é porque a “pacificação” é uma farsa ou se as comunidades foram “pacificadas” é porque o enfrentamento da polícia é, indiscriminadamente, contra todos moradores. 
Nessa direção, a realização dos jogos da Copa do Mundo no Brasil está se tornado um evento impopular para os negros em função do aumento da repressão às suas comunidades e o enorme desperdício de dinheiro público. Em seu pronunciamento do 1º de Maio a presidenta Dilma sequer tocou no assunto Copa do Mundo. Há pouco mais de um mês da abertura desses jogos o negro plebeu do país do futebol troca a ideologia do "verdeamarelismo" pelo luto e pela luta contra o extermínio dos seus pares 
Enfim, as ações estão mais coletivas, os enfrentamentos menos espontâneos, a massa negra mais confiante em suas próprias forças e os movimentos sociais aos poucos recuperam o terreno político perdido para o individualismo neoliberal nos últimos vinte anos e para o governo do PT nos últimos dez anos.
Nesse momento é preciso unificar a luta racial em torno de uma plataforma capaz de ligá-la aos interesses gerais do conjunto da classe trabalhadora. A burguesia sabe que o combate consequente ao racismo, com ações coletivas, organizadas e classistas, ajuda a minar as estruturas do capitalismo, sobretudo no país mais negro fora do continente africano.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Roseana Sarney não governa para as mulheres trabalhadoras

Lourdimar Silva
PSTU Maranhão

O Estado do Maranhão vive em uma verdadeira situação de barbárie. A violência e o caos do transporte público na capital de São Luis têm gerado transtornos que afetam os diversos aspectos da vida das pessoas e longe de atender às reais necessidades da população, segue em estado de precariedade. O acesso ao trabalho, lazer, saúde e educação, saneamento básico se tornam mais precários e ineficazes diante da crise da estrutura urbana da cidade. Não é uma realidade recente, mas nos últimos dias temos vivido um verdadeiro caos na cidade de São Luis. O IDH do Maranhão segue como um dos piores do país, onde o nível geral de pobreza na capital é de 59 mil pessoas vivendo na extrema pobreza.  São assaltos, sequestros relâmpagos, assassinatos, agressões e violência das mais diversas. As pessoas saem de suas casas inseguras, com medo de acontecer algo a qualquer momento. Nesta realidade, as mulheres trabalhadoras são fortemente atingidas, em um Estado que vive sob o julgo de uma oligarquia há quase meio século e tem uma mulher como representante.
A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), anunciou na tarde desta sexta-feira (4) que não vai entrar na disputa por uma vaga no Senado na eleição de outubro e continuará até o fim do seu mandato em 31 de dezembro deste ano. Esta é a primeira vez em 24 anos que Roseana não vai entrar na disputa eleitoral. Nestes 24 anos, a governadora deixa o Estado em situação de violência e miséria, gerada e reforçada pelos seus mandatos e da oligarquia que faz parte. As mulheres trabalhadoras e negras são em grande parte as maiores afetadas pela política sanguinária da oligarquia Sarney.
Nos últimos meses, o governo do Estado divulgou um balanço positivo da Lei Maria da Penha, se apoiando no fato do aumento de denúncias por parte das mulheres agredidas. Se por um lado, houve certo aumento nos casos de denúncias, não observamos nenhuma melhoria no que diz respeito ao atendimento e acompanhamento das mulheres que denunciaram, nem medidas sobre a punição aos agressores. São Luis é hoje a oitava capital no ranking da violência doméstica. Em todo o Estado, existem 07 delegacias especializadas, e uma casa abrigo.  O atendimento e acolhimento oferecido às mulheres vítimas de violência, na grande maioria dos casos são ineficientes. Uma pesquisa na Vara de Violência doméstica do Estado mostra o perfil das mulheres que denunciam e requerem procedimentos. Segundo os dados estatísticos da pesquisa, a maioria das mulheres que denunciam, são donas de casa, empregadas domésticas e autônomas. Ou seja, são as mulheres que não possuem renda estável, ou que dependem dos companheiros e/ou familiares para sobreviver. São casos denunciados que ocorrem geralmente com as moradoras dos bairros periféricos, onde não garantem estrutura mínima de iluminação e segurança para a população, onde o transporte é mais precário e o serviço de saúde é mais inacessível. Diante disso, as mulheres negras e pobres são as mais atingidas, pois estão mais sujeitas às situações de violência.
Recentemente foram repercutidos na imprensa local casos seguidos de violência contra mulher. A jovem estudante de jornalismo, Dhalia Ferreira, de 22 anos, que estava desaparecida desde o último domingo, (23), foi encontrada quinta-feira, dia 27, esquartejada dentro de um saco plástico. O corpo estava na lixeira do prédio onde morava com o companheiro, no bairro da Cohab. O marido da jovem foi encontrado enforcado em um dos cômodos do apartamento. Outro caso foi de Yasmim Pérola, jovem recém-formada em Enfermagem na UFMA, participava de sua festa de formatura no sábado dia 29 no Structura Buffet, quando teria sido assediada por um rapaz e este o agrediu covardemente, por ela ter sido defendida pelo namorado que a acompanhava. O fato ganhou maiores proporções quando Yasmin decidiu ir embora de sua festa, para evitar novas confusões. Só que, durante sua saída, a formanda que estava acompanhada de mais quatro primas e apenas um homem, foram acuados e novamente agredidos por seguranças da festa. Ocorreu também, nesta noite de sexta-feira, 04 de abril, uma mulher foi abordada, jogada em um carro e estuprada, no Bairro da Cidade Operária em São Luis.
A situação de violência contra a mulher no Maranhão não destoa do restante do país. Estes casos são alguns tristes exemplos da banalização da violência que tem ocorrido contra as mulheres. Quanto a isso não se percebe nenhuma medida efetiva por parte do governo, que trate de priorizar as políticas públicas no tocante ao combate à violência machista. Ao contrário, o tratamento às vítimas, quando acontece é sempre muito demorado, deixando assim margem para outras situações de agressões e ameaças. Não há acompanhamento físico nem psicológico, e as medidas protetivas são ineficientes. Reflete a realidade da Lei Maria da Penha, que demonstra o quanto ainda precisa ser melhorada para atender de fato aos casos de violência doméstica.
 O quadro de violência contra a mulher no Maranhão é uma mostra de que o machismo segue crescendo e que os governos tanto estaduais como federais nada tem feito pra que isso mude. A vida na cidade, para a mulher pobre, é um verdadeiro estado de insegurança. São ruas mal iluminadas, paradas de ônibus sem segurança mínima, ônibus lotados, assédios nos transportes públicos, falta de creche, assédio moral nos locais de trabalho e estudo.  Um Estado que não tem politica pra atender as necessidades dos trabalhadores, também não tem politica pra atender as necessidades especificas das mulheres trabalhadoras, reforçando e usando o machismo pra reproduzir uma forma de sociedade baseada na exploração e na opressão. O que justifica a desigualdade gerada pela absurda concentração de riqueza e que nos conduz ao aumento da violência generalizada? O próprio funcionamento do sistema capitalista nos mostra que essa é sua lógica, e que enquanto ele existir e enquanto existir seus agentes, vai existir desigualdade e miséria. Acreditamos que já passou da hora da classe trabalhadora ajustar as contas com o grupo Sarney. 
Se no Estado a realidade é de muita pobreza, é concreto também as lutas e manifestações que têm acontecido. As jornadas de junho ainda sopram ventos para as bandas de cá. Exemplo disso são as manifestações da população referente à situação do transporte público, onde o povo parou os ônibus em avenidas principais da cidade. A policia militar, os Bombeiros e os Garis de São Luis também estiveram em greve nesta última semana e demonstraram força dos trabalhadores que se organizaram e lutaram. É uma grande vitória quando as categorias se levantam e vão às ruas lutarem por seus direitos!
Categorias discutem e deflagram greves no Estado, como os professores do IFMA e os técnicos e professores da Universidade Federal. A consigna “Fora Sarney”, que ecoou pelo Maranhão em junho e em agosto de 2013 deve ser retomado com mais força e as mulheres são parte deste grito que por muito tempo esteve engasgado na população maranhense. Roseana em seu último ano deste governo vai deixando a certeza de que não governou para as mulheres trabalhadoras deste Estado. Os anos passam, e as exigências de políticas públicas que atendam os trabalhadores e trabalhadoras continuam.
Exigimos que os direitos específicos das mulheres sejam atendidos e que a Lei Maria da Penha seja efetivamente aplicada e ampliada! Que seja levado em consideração as especificidades da saúde da mulher e que todas que tenham filhos tenham direito a creche em tempo integral! Exigimos melhorias na qualidade de vida das mulheres, que sofrem diariamente com o machismo, porém, somente o fim dessa oligarquia e o combate estrutural ao capitalismo é que podem mudar de fato a vida de milhões de mulheres e homens trabalhadores. E por isso afirmamos que as mulheres tem opção. A opção da luta! Devemos apoiar e nos juntar às categorias em greve no Estado, e exigir do governo investimentos para a área de combate à violência contra a mulher.
Todo apoio a mobilização da polícia militar e dos Bombeiros do Maranhão!
Todo apoio à organização dos garis de São Luis!
 Fora Roseana Sarney e toda a oligarquia!
 Basta de violência nos transportes públicos lotados! Punição aos agressores!
Transporte público 24h e iluminação dos pontos de ônibus!
 Pela aplicação e ampliação da Lei Maria da Penha!
 Por mais investimentos para o combate à violência contra a mulher!
 Mais verbas para Educação, Saúde, Moradia e Transporte!
Desmilitarização e unificação da polícia!
Suspensão de todos os despejos!

Abaixo o machismo! Nenhuma mulher merece ser estuprada!

terça-feira, 4 de março de 2014

Sobre Carnaval e Lagostas: Saulo Arcangeli, pré-candidato do PSTU ao Governo do Maranhão


Assista o pré candidato do PSTU ao Governo do Estado do Maranhão, Saulo Arcangeli, falando sobre as manifestações populares durante o Carnaval.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

PSTU lança Saulo Arcangeli pré-candidato a Governador nesta quarta


Atividade contará com a presença de Zé Maria, pré-candidato do Partido à Presidência


Nesta quarta-feira, dia 12 de fevereiro, o PSTU Maranhão fará em São Luís o lançamento oficial da candidatura do servidor público federal e professor universitário Saulo Arcangeli ao governo do Estado. A atividade iniciará a partir das 9 horas com uma coletiva à imprensa na Assembleia Legislativa e logo após às 10h30 ocorrerá um ato político no auditório do Sindicato dos Bancários no Centro.

Saulo Arcangeli, pré-candidato do PSTU
A candidatura de Saulo, um ativista presente nas principais lutas que ocorreram no Maranhão nos últimos anos, é a expressão no campo eleitoral das reivindicações dos trabalhadores e da juventude maranhense que desejam não só o fim de uma Oligarquia, mas também buscam construir um Maranhão livre do latifúndio e do coronelismo.

Ao mesmo tempo, o PSTU mantém o chamado feito ao PSOL e PCB no sentido da constituição de uma Frente de Esquerda que apresente uma única candidatura ao Governo do Estado em 2014.

Lançamento da pré-candidatura de Zé Maria à Presidência da República

Zé Maria estará em São Luís nesta quarta (12)
Estará presente também o presidente nacional do Partido, o metalúrgico Zé Maria de Almeida, que é o pré-candidato do PSTU à Presidência da República. “Minha candidatura parte da necessidade de apresentar uma alternativa de classe e socialista perante as candidaturas da presidente Dilma Roussef (PT) e os candidatos da direita representados pelo PSDB de Aécio Neves e o PSB de Eduardo Campos” afirma Zé Maria.

Segundo o pré-candidato do PSTU, estes dois campos políticos, no entanto, representam o mesmo modelo econômico e o mesmo projeto para o país, que privilegia os bancos, grandes empresas e o agronegócio em detrimento das necessidades e reivindicações dos trabalhadores, do povo pobre e da juventude.

Quem é Saulo Arcangeli?

Candidato a governador do Estado pelo PSOL em 2010, saiu deste partido em 2011 e ingressou no PSTU, por onde foi candidato a vereador de São Luís em 2012. Servidor público federal do Ministério Público da União e professor universitário da UEMA, é dirigente sindical do Sintrajufe e da CSP Conlutas, Central Sindical e Popular.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

QUAL É A SAÍDA PARA A O ESTADO DE DECOMPOSIÇÃO DA OLIGARQUIA SARNEY: intervenção federal ou a formação de um governo dos trabalhadores?



Por PSTU Maranhão

O câncer político instalado há quase meio século nas instituições do Maranhão atingiu um estado insuportável de degeneração       que deixa a mostra todos os seus sintomas.   As ações das organizações criminosas dos “de baixo” são expressões das da extrema pobreza do nosso povo e das disputas políticas encarniçadas existentes nas organizações criminosas dos “de cima”.  Há farelo político espalhado para tudo enquanto é lado.
A oligarquia Sarney nunca esteve tão desconfortável.  Já não consegue manipular a consciência dos trabalhadores do Maranhão como se manipulam substâncias químicas em laboratórios clandestinos.  As propagandas vinculadas na imprensa da oligarquia são para tentar maquiar o estado pútrido desse grupo. Pouco antes de ser derrubado do poder, o imperador Dom Pedro II usava e abusava de propagandas mentirosas em jornais e revistas da época. Nelas, o mesmo aparecia sempre com o semblante altivo em meio à desgraça do seu reinado, já sem apoio da igreja, dos latifundiários e do exército. No último domingo (05/01) Roseana Sarney deu uma entrevista no jornal O Estado do Maranhão, de propriedade de sua família, procurando pintar em cores alegres a aquarela desbotada do seu decadente governo.  Turismo e futebol figuraram como tema central, enquanto a segurança pública foi tratada como um tema de outro planeta.
72 detentos mortos em Pedrinhas em pouco mais de um ano, quase o dobro dos executados por aplicação da pena morte nos EUA em 2013. Lá foi 39, segundo relatório anual do Centro de Informação da Pena de Morte (DPIC). Em média, um detento está sendo executado por semana no Maranhão. Isso soa entranho para o mundo, mesmo para o mundo capitalista onde prisão nada mais é do que uma instituição política criada para disciplinar o corpo e a vida dos trabalhadores. Sim, deve-se disciplinar, não exterminar, assim pensam os setores mais lúcidos e civilizados da burguesia.  
As exigências da OEA (Organizações dos Estados Americanos) para Roseana Sarney expõem ainda mais quão os órgãos do seu governo estão prestes a ter falências múltiplas. Não é bom para os capitalistas constatar que um estado do país que figura como sétima economia do mundo (o governo Roseana afirma que a média maranhense é superior a nacional) tenha um sistema penal com fortes traços medievais.  Ao serem presos, os detentos não sabem se serão conduzidos para a cela ou para a guilhotina.
 O IDH do Maranhão que figura sempre entre os piores do país está na raiz do problema, mas é dessa raiz que esse grupo se nutre.  Por isso, a oligarquia está sem moral política para combater o crime porque não é possível uma árvore arrancar sua própria raiz.  A cada medida desesperada do seu governo, os criminosos “de baixo” reagem com mais audácia. Ônibus queimados, delegacias metralhadas, inocentes feridos e mortos, Força Nacional impotente, secretário de segurança fraseológico etc. A população está em pânico, mas não solidária ao governo.  A solidariedade é para com as vitimas dos ataques aos coletivos ocorrido no ultimo final de semana em São Luís. 
Ordenar a PM a ocupar um inferno de concreto superlotado, o Complexo Penitenciário de Pedrinhas, que não comporta mais nem púlpito para pregações celestiais foi mais um tiro que Roseana deu na própria cabeça. As organizações de “baixo” mostraram para o Brasil que quem realmente comanda o crime no Maranhão não está do lado de dentro da “muralha”, nem os das organizações “de baixo”, nem os das organizações “de cima”.  
Jogaram presos de facções rivais nos mesmos pavilhões, nas triagens e até nas mesmas celas.  Naturalizaram a corrupção instalada no sistema prisional e até mesmo na Secretaria de Segurança Pública do Maranhão. Deram asas ao crime por que achavam que assim, com os pobres divididos, seria mais fácil controlá-los. Permitiram que o assassino do quilombola Flaviano fosse um arquivo queimado em Pedrinhas.  Esticaram demais a corda podre, desceram ao fundo do poço, e, agora, não conseguem voltar escalando os tijolos limosos.

  O QUE FALTA PARA OLIGARQUIA CAIR?
As esperanças que ainda restam à oligarquia Sarney para continuar no poder são depositadas no mesmo processo que a maior parte da Oposição do Maranhão acredita ser possível utilizar para derrotar essa própria oligarquia, ou seja, as eleições de outubro deste ano. Sobre esse ponto queremos travar o debate.
A principal Oposição ao grupo Sarney se organiza em torno do grupo do ex-deputado Flavio Dino. Esse grupo reúne fortíssimos setores econômicos e empresariais (industriais, agronegócio, latifundiários, etc.) e políticos arquiconservadores como o coronel da cidade de Caxias, Humberto Coutinho, o ex-prefeito de Bacabal e latifundiário Zé Vieira e o deputado e ex-delegado de polícia Raimundo Cutrim, ambos aliados históricos da oligarquia.
Contudo, esse grupo não é simplesmente burguês/oligárquico, ou uma fração burguesa/oligárquica in natura. O PC do B de Flavio Dino atrai para seu campo político um grande número de organizações sociais e sindicais, bem como intelectuais de classe média, além da pequena burguesia maranhense. Nesse caso, a melhor definição para esse grupo é que conforma uma Frente Popular, ou seja, um grupo com um programa claramente burguês, mas com grande apoio popular, tal como ocorreu em 2006 com Jackson Lago.
Nesse caso quem define os rumos políticos desse grupo em seu conjunto não são os que pertencem aos grupos de maior base social (os trabalhadores e suas organizações), mas aqueles possuem a maior base material (a fração burguesa-oligárquica).
Para essa fração, a oligarquia deve ser hiperdesgastada, mas não derrubada nas ruas. Todas as suas fichas são depositadas nas eleições de outubro. A oligarquia sabe disso, e mais, sabe que é esse tipo de Oposição que segura as organizações populares, sindicais e camponesas para que novas jornadas de junho e agosto não se repitam antes de outubro de 2014. Mas essa confiança tem limites.
As jornadas de junho no Maranhão, como em todo o Brasil, ocorreu por fora das organizações tradicionais e traidoras da classe trabalhadora. O grupo Sarney não dará “cheque em branco” às irritações populares com seu governo cambaleante. Prova disso está no cerco militar ao Palácio dos Leões.
A esperança da oligarquia está, portanto, depositada na combinação de algumas medidas de exceção para barrar manifestações de massa e, sobretudo, no viés eleitoreiro dos grupos que se agregam em torno de Flávio Dino. Assim, a decomposição da oligarquia Sarney só não avança para óbito político definitivo porque à quimioterapia oportunista e eleitoreira do grupo de Flavio Dino garante a ela alguma sobrevida.

A NOSSA APOSTA PRINCIPAL É NA MOBILIZAÇÃO PERMANENTE DA CLASSE TRABALHADORA
É notório que o PSTU cresceu nos últimos anos entre os trabalhadores e a juventude do Maranhão. Por mais que a pequena burguesia e a direita tente nos jogar na vala comum de seus partidos, a vanguarda de nossa classe está aprendendo na experiência da luta real que nós somos diferentes, apesar de não sermos infalíveis.
Em todas as frentes que atuamos, sobretudo na CSP CONLUTAS e suas entidades, o nosso partido não mede esforços tocar a luta. Contudo, sabemos que todo partido revolucionário deve encarar a realidade de frente. Não somos uma organização que dirige carro no escuro com faróis apagados.
Somos ainda muito pequenos e sem base social suficiente para impor uma queda à oligarquia Sarney. Essa decisão não depende de nossos desejos e nem muito menos de nossas frases e consignas, mas da realidade objetiva do nosso estado (e essa condição está dada com crise social e política) e da subjetividade da nossa classe (mais ou menos dada,  pois a indignação, mas sem mobilização política ) e de um partido com forte influencia de massa, o que ainda não somos.
Entendemos, porém, que todos esses processos tendem a avançar. A tentativa de relocalização de muitos políticos e grupos econômicos em torno de Flavio Dino atestam um mal estar socioeconômico e político geral em nosso estado.  Grupos burgueses e oligárquicos não dão giros políticos a toa.   
A tentativa de eleger Flavio Dino em detrimento da derrubada do grupo Sarney nas ruas é parte de um projeto que visa apenas readequar em novas bases a dominação de classe em nosso estado.  No que pese as intenções “humanitária” de Flavio Dino, a estrutura fundiária continuará intocada, os grandes grupos econômicos continuarão sugando nossas riquezas e aprofundando a miséria do nosso povo e a violência não cessará.
O grupo de Flavio Dino não terá como apresentar um programa classista para o Maranhão por que sua base material fundamental não está entre os trabalhadores e os camponeses, e isso já ficou bem claro nas eleições de 2010. Em 2014 Flávio Dino estará mais a direita.
Isso tem a ver com o silêncio que mantém em torno da consigna “Fora Roseana Sarney”. De maneira geral a burguesia não ocupa as ruas para derrubar governos burgueses, ainda que sejam governos desgastados e antipatizados pela própria burguesia. Isso só poderá ocorrer mediante a ameaça de tomada de poder pelos trabalhadores. O PSTU também tem candidato para as eleições de 2014, Saulo Arcangeli, mas não vamos subordinar nossas lutas às eleições burguesas.
A nota lançada por Flávio Dino sobre o sobre a crise da oligarquia é, no mínimo, complacente.  Ao invés de convocar população e os movimentos às ruas, Flavio Dino propõe “a constituição de um Gabinete de Crise, com a participação de todas as instituições do sistema de Segurança e de Justiça, juntamente com a sociedade civil (por exemplo: Judiciário, Ministério Público, OAB, SMDDH, Defensoria Pública, Polícias estaduais, Polícia Federal, Guarda Municipal, Forças Armadas)”. Infelizmente setores do PSOL do Maranhão coadunam dessa mesma posição ao defender intervenção federal como uma saída para a crise. É preciso lembrar que foi uma intervenção federal que levou Sarney ao poder em 1965 e que as Forças Armadas são braços dos poderosos e seus governos.
O PSTU acredita que já passou da hora da classe trabalhadora ajustar as contas com o grupo Sarney.  A consigna “Fora Sarney” que ecoou pelo Maranhão em junho e em agosto de 2013 deve ser retomado com mais força e com um programa classista para pôr abaixo esse grupo. Defendemos que os trabalhadores governem a partir da formação de conselhos populares em pólos de todas as microrregião do estado. Para isso é necessário que confiem em suas próprias forças e não esperem outubro chegar, pois  oligarquia está podre, mas não será derrubada pelo vento. 

Fora Roseana Sarney e toda a oligarquia!
Por um governo dos Trabalhadores com formação de conselhos populares no campo e na cidade!
Confisco de todos os bens da oligarquia !
Mais verbas para Educação, Saúde, Moradia e Transporte.
Desmilitarização e unificação da policia
Suspensão de todos os despejos forçados no campo e na cidade!
Reforma agrária sobre o controle dos trabalhadores!
Imediata titulação das terras dos quilombolas