Por Hertz Dias
Vira e mexe a imprensa comercial burguesa mostra casos de racismo que acontecem principalmente contra jogadores negros, sobretudo na Europa. Mas, o que pouca gente percebe, é que essa mesma imprensa é uma das maiores disseminadoras do racismo no futebol brasileiro. Em suas transmissões as seleções africanas são sempre taxadas de ingênuas, irresponsáveis e violentas, quando na verdade o jogo mais violento da história das copas envolveu duas seleções européias, Portugal e Holanda, em 2006 na Alemanha. O jogo terminou com 12 cartões amarelos e quatro vermelhos. Só que agora chegou a vez dos “cabelos negros”.
Durante o campeonato brasileiro de 2011 quando o jogador Bruno Cortêz, na época no Botafogo, hoje no São Paulo, se destacava nacionalmente como um grande lateral, sendo inclusive convocado para a seleção brasileira, o programa Globo Esporte levou ao ar uma longa matéria que fazia mais referencia preconceituosa ao cabelo estilo Black Power do jogador do que ao seu talento nos campos.
O mesmo ocorreu recentemente com o jogador William Barbio, que tem se destacado no Vasco. O que o Globo Esporte destacava pejorativamente era a sua “cabeleira” e não suas jogadas.
No dia 20 de fevereiro o mesmo Globo Esporte vinculou uma matéria sobre a vitória de 3x1 do Flamengo contra o Resende. O gol que selou a classificação do Flamengo para a semifinal da Taça Guanabara foi marcado pelo jovem atacante Negueba. Novamente a preocupação era mais em mostrar que o jogador havia tirado suas tranças do que falar do seu gol decisivo. Nessa mesma matéria o jogador Deivid, também do flamengo, disse em tom de ironia se referindo a Negueba que “negro do cabelo duro tem que raspar que nem eu faço (...) é melhor do que passar três horas fazendo tranças”.
Para encerrar a baboseira racista o apresentador Alex Escobar enfatizou “concordo com você Deivid”. No jogo contra o Vasco, Negueba resolveu reimplantar suas comentadas tranças, talvez como resposta aos absurdos da dupla Escobar/Deivid.
Ao que tudo indica quem está incomodado com as tranças não é a cabeça dos jogadores que as usam, mas a cabeça racista da imprensa branco burguesa que detesta o estilo africano de ser. Para quem não sabe, é assim que a ideologia do branqueamento se materializa, colocando o fenótipo branco europeu com protótipo a ser seguido por todos.
Exaltar a negritude em meio a isso não é uma boa pedida num país tão racista como o Brasil. Por outro lado, quando jogadores negros como Neymar e Ronaldinho Gaúcho resolvem agredir suas negritudes alisando seus cabelos crespos (não duros), para se aproximar do padrão de beleza estabelecido como superior, os alardes não acontecem nas mesmas proporções. Se onda pega vão começar a defender que os jogadores negros usem perucas.
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