quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

POSIÇÃO DO PSTU EM RELAÇÃO À DENÚNCIA DE RACISMO DO VEREADOR FÁBIO CÂMARA DO PMDB CONTRA A PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO LUÍS

O vereador de São Luís, Fábio Câmara (PMDB), registrou na Superintendência de Policia da Capital (SPCC) que teria sido vitima de racismo praticado pelo Comandante da Guarda Municipal de São Luís, George Bezerra. O ato teria ocorrido no dia 19 de dezembro durante reunião de negociação entre a Prefeitura e os cooperados da Multicooper que há 20 meses não recebem salários.  Fábio Câmara acusa George Bezerra de tê-lo chamado de “preto” e de “macaco”.

Membros do PSTU participaram dessa reunião, mas não acompanharam os desdobramentos da confusão que se estendeu pelos corredores da prefeitura onde supostamente a agressão racista teria ocorrido. De fato, chegamos a presenciar a arrogância de George Bezerra com os cooperados durante o processo de ocupação da prefeitura.

O comandante da Guarda Municipal é uma manobrista de primeira categoria que se iguala por baixo ao vereador sarneísta Fábio Câmara.  Como o caso já foi denunciado publicamente estamos manifestando a posição do nosso partido.

PARA QUE SERVE O RACISMO?

Por principio combatemos o racismo independente da origem de classe e das posições políticas dos indivíduos. Apesar da irracionalidade dessa ideologia, o racismo visa inferiorizar os negros de maneira geral.  Ele tenta justificar a situação de penúria social dos negros como consequência natural de uma suposta inferioridade de seus membros e não como resultado das políticas racistas que o Estado brasileiro tem adotado contra a população negra ao longo da sua história.

Essa ideologia, nascida com a escravidão, não admite que os negros possam ser advogados, juízes, parlamentares, etc. Os negros deveriam ocupar o seu “lugar comum” no mundo social que a elite branca determinou, ou seja, ser escravo na colonização e subempregado no capitalismo. Chamá-los de macacos, desta forma, não é um simples apelido, mas uma tentativa de animalizar os negros para justificar a dominação. De acordo com esse pensamento os negros seriam iguais aos animais irracionais, sem subjetividade, sem racionalidade, apenas movidos pelo instinto e pela emotividade. Como dizem os próprios racistas “eles são todos iguais”. 

POR SER NEGRO E VITIMA DO RACISMO FÁBIO CÂMARA PODE NOSSO ALIADO?

O fato de combatermos as opressões não significa que todo oprimido seja um aliado de classe.  O vereador Fábio Câmara é membro de um partido que historicamente tem massacrado o povo negro, sobretudo no Maranhão, o PMDB. Os índices de desenvolvimento humano do nosso estado demonstram quanto o governo Roseana Sarney (PMDB/PT) é racista e que o racismo não se manifesta apenas em agressões verbais das quais supostamente teria sido vitima o referido vereador. Pelo contrário, nada disso subtrairá os privilégios que o mesmo continuará usufruindo junto ao grupo Sarney.

Na verdade, sabemos que essa suposta agressão racista servirá como capital político que o grupo Sarney provavelmente utilizará contra o grupo de Flavio Dino no próximo pleito eleitoral.

Para nós, a principal manifestação do racismo do grupo sarneísta está em sua política econômica que empurra os negros, maioria absoluta da população maranhense, para o desemprego, subemprego e para o crime, assim está fazendo também Edvaldo Holanda Jr na prefeitura de São Luís. A maioria dos cooperados e terceirizados que trabalham em regime de semiescravidão na Prefeitura de São Luís são negros.

Desagregando o IDH do Maranhão por raça ficamos ao lado dos países mais pobres da África. A situação dos quilombolas é um exemplo emblemático da política racista institucionalizada em nível nacional e estadual.  Do total de 3 mil comunidades quilombolas existentes no Maranhão, somente 196 tem titulo de propriedade de seus territórios, ou seja, apenas 6% da totalidade. Roseana Sarney governa para os latifundiários e para os empresários dos agronegócios que são grupos econômicos de linhagem sócio-racial escravagista.

Olhando para a origem racial dos presidiários decapitados cotidianamente no Complexo Penitenciário de Pedrinhas dá para entender como o racismo está  institucionalizado nesse governo. Os casos de homicídios praticados contra os negros no Maranhão cresceram quase 200% nos últimos dez anos, segundo dados do Mapa da Violência de 2012: A Cor dos Homicídios no Brasil. Até a OEA está cobrando ações urgentes do governo Roseana Sarney para acabar com os massacres em Pedrinhas.  O Maranhão pode sofrer intervenção federal devido aos alarmantes e incontroláveis índices de violência do nosso estado. 

Os policiais que assassinaram o artista negro “Gerô” foram todos soltos e reconduzidos ao “trabalho” assim que Roseana Sarney assumiu o governo. O recente caso de racismo praticado pelo governo de Roseana Sarney contra o médico nigeriano Kinglsley Ify Umeilechukwu é outra  flagrante demonstração do que estamos denunciando. Por ser negro, Kinglsley não poderia ser médico! 

Por tudo isso, não é possível considerar Fábio Câmara aliado dos negros na luta contra o racismo nem muito menos como aliado dos trabalhadores na luta contra o grupo Sarney, mas nada disso justifica que ele seja agredido com xingamentos racistas. O PSTU não compactua com atos racistas de espécie alguma, seja lá contra quem for!   

O PSTU continuará denunciando casos de racismo contra os negros de maneira geral por que entendemos que políticos como Fábio Câmara devem ser combatidos enquanto serviçais dos poderosos e não pelas suas características raciais, por que não é o pertencimento racial que o faz de direita.

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