sexta-feira, 22 de março de 2024

Vamos conversas sobre as alianças das “esquerdas” e posição do PSTU para as eleições à prefeitura de São Luís?

No ato de refiliação de Marta Suplicy ao PT, para formar a chapa como Guilherme Boulo (PSOL) para prefeitura de São Paulo, este último disse que “se duvidar Lula traz até o Tarcísio para nossa chapa.” Pois bem, essa conjectura feita por Boulos pode se concretizar nas eleições para a prefeitura de São Luís. Segundo noticia amplamente divulgada pelo país, Flávio Dino, antes de ser nomeado como Ministro para o STF, teria costurado uma amplíssima coligação em torno do nome de Duarte Júnior (PSB-MA) que vai desde federação PT-PV-PCdoB, passando pela federação PSDB-Cidadania, até o PL de Bolsonaro. Não existe, ainda, nada formalizado, mas até o momento nenhum dos partidos da Frente Ampla negou essa possibilidade.


Se tal coligação se confirmar, não será surpresa. Nos dois governos de Flávio Dino, o primeiro pelo PCdoB, o segundo pelo PSB, o que não faltou foi sarneísta e bolsonarista em sua base de apoio, algo que ele mesmo fez questão de frisar durante sua sabatina no Senado. O governo de Carlos Brandão, também PSB, não foge a regra. Aliás, este chega a ser mais à direita do que os governos de Flávio Dino, a ponto de não sofrer nenhum tipo de oposição no parlamento, nem pela direita, nem pela esquerda. Até o deputados bolsonaristas, Wellington do Curso e Yglésio Moyses, que faziam oposição à Flávio Dino pela direita, passaram para a base de Brandão. Já o seu irmão do atual govenador, Marcus Brandão, foi alçado a presidência do MDB do Maranhão, o principal partido da oligarquia Sarney. Ou seja, esse elevadíssimo grau de malabarismo politico mostra que para esses partidos e políticos profissionais, a classe trabalhadora não passa de massa de manobra.


Porém, com as organizações da dita esquerda maranhense não é diferente. Em nome de um pseudo-combate a ultradireita, que chamam genericamente de fascistas, vale também todo tipo de manobras e acordos. Mesmo com todos os ataques que Brandão e o parlamento estadual tem desferido contra os servidores públicos, os quilombolas, os povos indígenas, as mulheres, os negros, as pessoas LGBTqI, essa esquerda não só apoia esse governo, como faz parte do mesmo. O vice de Brandão é Felipe Camarão do PT, que na Secretaria de Educação, não cansa de atacar os professores.


Para alguns dirigentes do PSOL, Carlos Brandão, que tem as mãos e os pés manchados com sangue de nossa gente, não é inimigo dos trabalhadores, mas um simples adversário. Os discursos e as caracterizações desses dirigentes mudam ao bel prazer dos seus interesses eleitorais e escondem a essência de tais manobras. Em São Paulo, o PSOL pressiona para que Tabata Amaral (PSB) desista da sua pré-candidatura para prefeitura da cidade e declare apoio à Guilherme Boullos (PSOL-SP). Caso isso se confirme, o PSOL do Maranhão será pressionado a entrar na frente com Duarte Júnior (PSB) como moeda de troca aos acordos costurados na capital paulista. Se já seria grave entrar numa Frente com Duarte Júnior, com as famílias Brandão e Sarney, o mais escandaloso seria a participação do PSOL numa frente eleitoral com o PL de Bolsonaro e Josemar Maranhãozinho. Contudo, só o fato de existir essa possibilidade, já demonstra que o discurso de “defesa da democracia” e de se unir com deus e o diabo para “combater o fascismo” não passa de oportunismo eleitoreiro, em detrimento dos concretos da classes trabalhadora e de seus segmentos oprimidos


Na verdade, o próprio Lula desautorizou a utilização da consigna “Prisão para Bolsonaro” nos atos previsto para acontecer no dia 23 de março, e assim foi feito. Tais atos serão de apoio ao seu governo e não terá as pautas centrais de toca os trabalhadores. Lula também desautorizou a realização dos atos em memória ao golpe militar de 1964, para não desagradar a cúpula golpista do exército brasileiro e um setor do bolsonarismo com quem busca se reconciliar. Tudo isso mostra, que será impossível derrotar a ultradireita sem preservar total independência em relação a este governo, o qual devemos fazer oposição pela esquerda.


Nem Braide, nem Duarte, nem Wellington do Curso: São Luís precisa ser governada pela classe trabalhadora


Temos acordo que a ultradireita deve ser derrotada, porém se aliar com os inimigos históricos dos trabalhadores e até com a própria ultradireita, não é o caminho. Também somos defensores ferrenhos das liberdades democráticas, que não deve ser confundida com a defesa da democracia de maneira genérica, no caso em questão, a democracia burguesa que é justamente a democracia que encarcera e assassina a juventude preta e pobre das periferias, que é conivente com os assassinatos cruéis de pessoas LGBTQI, os quais o governo Brandão se limita a caracterizar como latrocínios, uma democracia que faz vista grossa ao crescimento espantoso do feminicídio em nosso estado, que trata-nos como bandidos em nossas greves, a exemplo da greve dos professores do estado e do município de São Luís e dos rodoviários, que encoberta parlamentar acusado de abuso sexual, como no caso do vereador Domingos Paz, que aprova leis em defesa do agronegócio e contra os povos do campo, a exemplo da Lei 614/2023, conhecida como lei da grilagem de terra, e que se curva aos grandes grupos empresariais que transformaram São Luís na cidade mais poluída do Brasil, que só em 2022 atingiu 589 níveis de emergência em razão do excesso de poluentes  no ar. Não, camaradas, essa democracia nós queremos e devemos superar, bem como derrotar todos os seus representantes, porque são representantes dos interesses dos nossos inimigos, a burguesia.


Como parte disso, o prefeito Eduardo Braide, do partido bolsonarista PSD, que ameaçou exonerar professores grevistas, mas que todo ano transfere milhões dos cofres públicos aos empresários dos transportes coletivos, deve ser derrotado. O mesmo com Wellington do Curso, que é pré-candidato candidato pelo Novo, partido da base de Bolsonaro. Sobre Duarte Júnior, que antes de se filiar ao PSB, era do Republicano, partidos dos filhos de Bolsonaro, já tratamos acima. Ou seja, todos eles, além de serem inimigos dos trabalhadores, estarão de mãos dadas com o bolsonarismo. O caso mais emblemático que mostra que todos eles são do mesmo campo de classe, é o do deputado estadual Eric Costa, que apresentou o racista e genocida Projeto da Lei da grilagem, que foi abraçado e sancionado por Brandão. Ele é do PSD, o partido de Braide. Entenderam? Na verdade, aquela briguinha entre eles pra ver quem faria o carnaval na Beira-Mar, não passava de uma cortinha de fumaça para esconder esse crime que estavam cometendo contra os povos do campo e contra o meio ambiente. De modo que, afirmar que essa gente não é inimiga dos trabalhadores, é um insulto a nossa classe.


Em breve, nós do PSTU anunciaremos nosso pré-candidato. Mas, seja quem for, estaremos no campo aposto ao dessa gente, apresentando um programa que terá como base, não questões meramente abstratas, mas as necessidades da classe trabalhadora de São Luís e seus segmentos oprimidos, bem como o fortalecimento das nossas lutas para enfrentar os ricaços da ilha. Queremos apresentar um programa e fazer uma campanha abraçados com nossa classe, e não com os empresários. Queremos explicar, pacientemente, por que São Luís deve, URGENTEMENTE, ser governada pelos trabalhadores, apoiados nos Conselhos Populares. Essa, sim, a democracia que devemos defender e implementar. Falamos em URGÊNCIA, por que se nossa cidade continuar nas mãos dos grandes grupos capitalistas, pode se tornar numa ilha imprópria para a habitação daqui a alguns breves anos.


Para isso, queremos fazer um chamado fraterno a militância da base do PT, do PCdoB e do PSOL, que não têm acordo com os arranjos eleitorais que seus dirigentes têm feito com os poderosos e até com o bolsonarismo, que despolitizam, deseducam e enfraquecem nossas lutas, a vir se somar a nossa organização e ajudar a fazermos uma campanha para mudar os rumos de São Luís.


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