sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Enem e Greve dos Correios: Duas batalhas, um só inimigo!

Por Dayana Coelho e Gabriel Felipe


Você é um estudante que vai fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) esse ano. Espera ansiosamente pela prova e pela oportunidade de concorrer a uma vaga em uma universidade, faculdade ou institutos federais. Muitos de vocês já estão se preparando há muito tempo, outros pagaram a inscrição com muito custo e as dúvidas sobre que curso escolher ainda são recorrentes.

Além das costumeiras dúvidas dos estudantes a respeito da prova, do conteúdo programático, das vagas disponíveis nas faculdades e universidades, mais um fantasma ronda a prova desse ano: a greve nacional dos trabalhadores dos Correios.

Só que você também lembra que essa não seria a primeira prova a causar transtornos para estudantes e universidades. Desde 2009, quando o SISU/NOVO ENEM passou a selecionar os candidatos para as vagas da maioria das universidades e institutos técnicos federais, muitos foram os escândalos envolvendo a prova. Logo em 2009 as provas foram roubadas do interior da gráfica responsável pela impressão das mesmas. Já em 2010 o problema foi a impressão dos Cadernos de Prova Amarelos, grafadas incorretamente no Cartão de Resposta o que resultou, depois de uma exaustiva batalha judicial, na repetição da prova apenas para o dia e para as provas dos candidatos que apresentaram problemas.

Esse ano a grande mídia já começou a procurar culpados para um possível adiamento das provas: os trabalhadores dos Correios! Desde o dia 14 de setembro a categoria está em greve e reivindica aumento salarial, melhores condições de trabalho, além de contratação de mais servidores. Além disso, no final de agosto os senadores aprovaram a Medida Provisória 532, feita pelo governo Dilma que vai transformar a estatal Empresa de Correios Telégrafos (ECT) em Sociedade Anônima (S.A), ou seja, a partir do momento em que a MP for sancionada, os Correios assim como qualquer outra empresa de Sociedade Anônima estarão apenas preocupados com o lucro. Dessa forma, serão privilegiados investimentos em regiões rentáveis, haverá precarização das condições de trabalho (com empregos sem garantias sociais), rebaixamento dos salários dos trabalhadores e liquidação de direitos. Ou seja, motivos para a luta dos trabalhadores dos Correios é o que não falta!

A greve vem sendo duramente atacada e criminalizada pela mídia de maneira a marginalizar o processo grevista perante a sociedade e os estudantes.

Os trabalhadores estão corretos em buscar melhores condições e impedir a privatização, do mesmo modo que os estudantes reivindicam por mais investimentos na educação e democratização das universidades! O Governo sim é o principal responsável caso haja atraso no ENEM e não os trabalhadores: primeiro por sua intransigência e autoritarismo se negando a negociar com a categoria, o que só aumenta a revolta dos trabalhadores e aprofunda a greve; segundo porque é de sua responsabilidade fazer com que os estudantes tenham acesso aos cartões de confirmação de matrícula seja pela entrega alternativa, seja disponibilizando terminais de impressão dos cartões nas escolas, Secretarias de Educação ou espaços freqüentados pelos estudantes.

Os estudantes contestam esse novo método de ingresso nas universidades que, longe de democratizar o acesso, tornou a concorrência muito mais agressiva e desigual. Também contestam as condições das universidades públicas brasileiras, defendem um verdadeiro projeto de expansão e democratização do ensino alternativo ao REUNI, os 10% do PIB já para a educação, com mais investimentos em infra-estrutura e assistência estudantil e abertura de concursos públicos.

Chamamos a juventude a apoiar a greve dos trabalhadores dos Correios e reforçar a importância dessa luta!

Todo apoio à greve dos trabalhadores dos Correios!
Pelo veto à MP 532!
Preenchimento imediato das vagas ociosas! Revogação do Sisu/Novo ENEM já!
Democratizar o acesso expandindo vagas com investimento! Assistência Estudantil: moradia, bolsa e bandejão para que todos possam estudar!
Pelo verdadeiro fim do vestibular! 10% do PIB já para a Educação!


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