terça-feira, 18 de junho de 2013

QUEM TEM MEDO DO PSTU?



Por Hertz Dias, da Secretaria de Negros e Negras do PSTU e do Quilombo Urbano

Em meio a centenas de milhares de ativistas que se mobilizavam país a fora, uma campanha chama atenção. Disfarçada de campanha “contra todos os partidos” é, na verdade, uma campanha orquestrada pela burguesia contra o PSTU. Uma pergunta deve ser feita: por que um partido tão pequeno, apesar de muito disciplinado, ter sido colocado no epicentro dos ataques da grande imprensa e de grupos ultrarreacionário deste país em meio a um ascenso popular?

Em primeiro lugar, é importante ressaltar que, diferente da classe trabalhadora, a burguesia tem consciência histórica, pois é uma classe para si. Do ponto de vista de sua consciência, a burguesia não é uma classe em construção, mas solidamente construída. E, por ter consciência histórica, a burguesia sabe antevir para se prevenir. Sua preocupação não é com os partidos de maneira geral, mas com os partidos revolucionários, por que são esses que dirigiram as principais revoluções que expropriaram a burguesia no século XX.
 A conjuntura que se abre no Brasil acendeu o sinal vermelho para as classes dominantes. Diferente da maioria dos países europeus que tem arrastado milhões em suas manifestações, no Brasil existe um elemento subjetivo consciente que como muito paciência vem sendo construindo desde 1994, o PSTU.  
Percebam que a burguesia brasileira deixou de ridicularizar o PSTU para dá um tratamento mais sério, um tratamento de choque. Começou divulgando que as manifestações eram de caráter político-partidário, mas depois que virou manifestação de massa, o argumento passou a ser de que os manifestantes eram contra os partidos políticos e as bandeiras mostradas são quase todas do PSTU. Que orgulho!
Em sua sã consciência histórica a burguesia lembra que o PSTU foi a principal organização que iniciou uma campanha internacional contra a vergonhosa ocupação militar no Haiti liderado pelo governo Brasileiro do PT (Lula e Dilma). Sabe também que o PSTU foi o partido que esteve na linha de frente da resistência contra a desocupação criminosa de Pinheirinho realizada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) que teve repercussão internacional. No ato contra a visita do presidente Obama ao Rio de Janeiro era do PSTU a maioria dos 13 manifestantes que foram presos. Na campanha a favor dos 10% do PIB para educação pública nosso partido se dedicou como nenhum outro.
 A burguesia brasileira sabe do peso que tem a CSP Conlutas no processo de reorganização da classe trabalhadora no Brasil e sabe também da importância que teve a militância do PSTU na construção desta entidade.  A CSP Conlutas, juntamente com outras entidades, organizou o histórico ato do dia 24 de abril com 25 mil manifestantes em Brasília. Os desavisados se perguntavam: Como podem, se vocês são tão pequenos? Mas, a burguesia certamente sabe que podemos!
Por outro lado, a burguesia deste país não conseguiu ainda engolir o fato de uma professora, que se tornou um fenômeno nacional na luta em defesa da educação pública, ter feito opção de continuar nas fileiras de um partido forjado nas lutas. Como pode? Certamente perguntam! E devem dizer: ela poderia está em um partido bem maior para ganhar mais espaço na mídia, como faz Marina Silva. Não, a professora Amanda Gurgel não só se manteve no PSTU, não só foi a vereadora proporcionalmente mais bem votada do país, como em seu primeiro dia de mandato, apresentou a câmara de vereadores de Natal-RN um projeto exigindo a redução dos salários de todos os demais vereadores.
A burguesia sabe que o nosso outro vereador, Cléber de Belém, também abriu mão de seu salário em prol da luta e ainda apresentou um documento para ser assinado pelos vereadores da câmara de Belém exigindo a libertação de vários operários que foram presos por liderarem greves nas obras de Belo Monte.
  A burguesia sabe que para o PSTU o parlamento é simples ponto de apoio para as lutas. Nossa atuação no parlamento coloca em cheque o próprio parlamento. Certamente não devemos ser exemplos para as multidões que ganham às ruas.
 Um movimento independente não precisa necessariamente ser antipartidário (contra os partidos) e sim suprapartidário (com autonomia em relação dos partidos), pois a independência da qual falamos é a de classe. Ora, se no capitalismo existem apenas duas classes sociais fundamentais (burguesia e trabalhadores), a independência da classe em relação aos partidos revolucionários é a abertura da porteira para que adesão à ideologia da burguesia e seus partidos seja hegemônica entre os trabalhadores, já que a mesma tem mais meios de difusão do que as das organizações operárias. Quando falamos ideologia de classe não queremos dizer que todos os revolucionários devam pensar igual, porém há uma fronteira clara que nos separa politicamente da burguesia.
 Quando a Rede Globo e os governos atacam o PSTU, na verdade estão querendo manter as manifestações sobre seu controle político e ideológico. O PT e o PSDB, dois partidos fieis a burguesia, também têm condenado o “partidarismo” dos atos. Mas, foi quando a Rede Globo foi impiedosamente vaiada no Rio de Janeiro que expressou o maior exemplo de independência de classe dessas manifestações.
Vejam bem, a mesma mídia que tirou como política o “apartidarismo” e tem denunciado insistentemente  o tal “vandalismo” dos atos, não demonstra nenhuma preocupação em identificar quem são esses “vândalos”, ainda que alguns apareçam identificados e com bandeiras. Fazem isso por uma questão muito simples, os tais “vândalos” não são do PSTU, na verdade, em sua maioria, são contra o PSTU. Por isso são grupos necessários para a que a imprensa burguesa desmoralize as mobilizações. O PSTU, ao contrário, é um partido que tem como objetivo estratégico a socialização dos meios de produção e não a destruição daquilo que os trabalhadores constroem com tanto esforço.
Não é apenas o PSTU que está nos atos, outros partidos de esquerda também estão, mas por que não mostram as bandeiras destes partidos? Para além de ser de esquerda, a questão central é que o PSTU é um partido formado por um grupo de pessoas que se unem em torno de um programa claramente socialista e revolucionário.
Obviamente, não somos os únicos revolucionários deste país, nem muito menos condenamos o natural sentimento antipartidário de parte da classe trabalhadora brasileira. A degeneração de partidos como o PT e o PC do B, além de centrais como a CUT e movimentos estudantis como a UNE, corrobora com esse tipo de pensamento.
Porém, está claro que os ataques ao PSTU nessas mobilizações ilustram bem a necessidade que tem a burguesia de isolar nosso partido para que os partidos tradicionais da burguesia ou os reformistas continuem dirigindo a nossa classe. Em sua consciência histórica a burguesia sabe que o PSTU não é uma organização exógena as lutas dos trabalhadores, o PSTU se confunde com as lutas, e é disso que ela tem medo.

2 comentários:

  1. Pra quê bandeiras, li a matéria inteira e o que entendi foi "blá blá blá". Ai pergunto: precisa de bandeira? Precisa rotular ou vocês, no final das contas, querem mídia? Ahhhh, vão se fuder!!!

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  2. Não sou filiado ao PSTU, na verdade, não tenho vinculo com partido algum.
    Porém, o ato de erguer bandeiras partidárias em manifestações deve ser livre, cada pessoa tem a sua liberdade de expressar o que bem entende. Isso é democracia. Se você reprime alguém que expõe sua ideologia (partidária ou não) está automaticamente tirando-lhe o direito de liberdade de expressão, estará desta forma, coibindo a liberdade individual descrita na própria constituição.
    Entenda, manifestar sua ideologia política em uma manifestação é diferente de fazer campanha política.

    O que os manifestantes tem que entender, é que, partidos políticos são extremamente necessários na democracia, sem eles, estaremos abrindo espaço para, por exemplo, ditadores militares tomarem o poder (fiquem de olho no PMB, Partido Militar Brasileiro, que está iniciando movimentos para impor a ditadura, maquiando-a através de um partido político).

    Acredito que se os manifestantes desejam tanto reprimir partidos políticos, tirando-lhes o poder, devem, os próprios manifestantes, fundar uma ideologia política, e se candidatar de forma democrática às próximas eleições.
    Querer tirar o poder dos partidos políticos, sem fundamentar um novo partido, é o próprio assassinato da democracia.

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