domingo, 5 de agosto de 2012

O gado humano no curral eleitoral de São Luís*


"O que dói mais é ver muitos do meu povo caindo na cilada/ trabalhando em campanhas milionárias por migalhas/ empunhando bandeira de sol a sol/ o corpo soado, o coração está do outro lado/ mas infelizmente a necessidade fala alto."(Assassinos Sociais, GOG).


Na última quinta-feira (02/08) me deparei no bairro do Monte Castelo com uma multidão de negros e pobres que, a contragosto, seguravam as bandeiras do candidato à reeleição João Castelo (PSDB). De cima de um trio elétrico o radialista Franklin Matos solicitava aos presentes que agitassem suas bandeiras e na sequencia outro homem de voz potente gritava “Ude, ude, ude/ Castelo é juventude”, tudo em vão. A não empolgação da multidão se dava pela situação constrangedora em que se encontravam ali e não pelas ridículas palavras de ordem.

Ao lado de um dos carros estacionados se reunia um grupo de pessoas bem vestidos que não seguravam bandeiras, apenas cadernos de anotações, como se estivesse contando “gado humano”. Imaginei, devem ser os agenciadores. Ouvi um deles dizer a um grupo “vocês tem que agitar  as bandeiras. É pra isso que estão aqui”.  Na “corrente humana” da caminhada que separava o “rei do gado”  do “gado humano”, vi um diretor de uma escola do município de São Luís e pensei: se esse homem tivesse escrúpulos estaria em sua escola tentando encontrar saídas para os graves problemas provocados pela gestão castelista e seus antecessores. Mas não, o infeliz estava ali para garantir o seu cargo de “gestor do caos” que a troca de favores desse bizarro mundo político lhes concede. Era mais ou menos três horas da tarde, horário em que as crianças de sua escola já deviam está com as fardas ensopada de suor nas calorentas “saunas de aula”.

Essa é uma cena que se reproduzirá por todo o Brasil nesse período de eleição; uma cena que comprova a incompatibilidade entre democracia e capitalismo. O período eleitoral é apenas o combustível que alimenta essas ilusões democráticas. Votar é exercer a cidadania. É o que ensinam nas escolas às nossas crianças; pobres crianças! Só não ensinam que ser “cidadão” no capitalismo é ser rico, é ser parte da classe que não precisa depositar votos nas urnas, pois são numericamente insignificantes.  O que decide é a quantidade de dinheiro que depositam nas contas de seus candidatos e dos seus partidos, isso sim faz a diferença. O voto de um pobre é só um voto, mas o dinheiro de um burguês pode comprar milhares de votos, sobretudo dos pobres.

Nas eleições burguesas a fúria popular é domesticada pelo dinheiro e prostituída pela necessidade material e pela pobreza cultural do nosso povo. Não tenho dúvida que muitos que ali se encontravam são trabalhadores contratados que recebem salários de miséria e com meses de atraso. 

Cerca de 40% dos funcionários públicos do município de São Luís encontram-se nessa situação. Um belo curral eleitoral de dá inveja a qualquer político burguês deste país, um filão para o voto de cabresto.

 A moralista classe média também se torna “gado humano de luxo” nesse processo. Muitos chegam a colar adesivos de políticos e partidos corruptos em seus carros ou a participar de passeatas em troca do tanque do carro cheio, outros mais espertos agem como agenciadores de “favelados”.  Essa situação agrava-se à medida que a classe média se proletariza, ou seja, tem o seu nível de vida rebaixado.

No limite dessa degradação humana a burguesia faz com que a imagem dos trabalhadores seja refletida em seu espelho de dominador.  Por exemplo: muitos professores dizem que não votam em Castelo porque ele não respeita a educação pública. Isso, à primeira vista, parece ser progressista, coisa de gente esclarecida, só que não é bem assim. No limite, a maioria dos professores acabam votando em Tadeu Palácio, Edvaldo Holanda Júnior ou em Eliziane Gama, isso por que esquecem de fazer as principais perguntas:  Qual é partido desses indivíduos? Qual é a origem de classe dos mesmos? Qual é o programa que eles defendem? Quais grupos sociais financiam suas campanhas? Se fizessem essas perguntas tão básicas, mas tão importantes, descobririam que todos eles são de partidos que atacam os trabalhadores (PSDB, PTC, PDT, PMDB, PT). Excetuando Marcos Silva do PSTU e o político de carreira, Haroldo Sabóia, atualmente no PSOL, todos os demais candidatos a prefeito são de partidos ligados ou ao grupo Castelista ou ao grupo Sarney. São partidos financiados com dinheiro de empresários, por isso o programa que defendem é o programa que a burguesia tem aplicado em todo o mundo contra os trabalhadores, o neoliberalismo. 

 Infelizmente, a imagem refletida no espelho do dominador provoca também amnésia na consciência histórica dos trabalhadores, senão perguntariam: qual dessas bandeiras eu vi na última greve da minha categoria? Na luta por moradia onde estavam? No enfrentamento contra o racismo e violência policial por que não apareceram? Onde estavam na época que defendíamos a aplicação dos 10% do PIB na educação pública? Nenhuma dessas bandeiras, nenhum desses “Cidadãos” estavam conosco porque são fieis cães de guardas da burguesia. A imagem deles não reflete no embasado espelho de nossa classe. Os que hoje são pagos para segurar suas bandeiras, só às veem em período de eleição.

 O PSTU COMO ALTERNATIVA DE LUTA NAS ELEIÇÕES BURGUESA DE SÃO LUIS
O PSTU é indiscutivelmente um partido de luta, isso até mesmo os que votam nos partidos da burguesia reconhecem. Com um minúsculo tempo no programa eleitoral ousa apresentar um programa com a cara da classe trabalhadora. Uma contradição que a burguesia não suporta, por isso tenta de todas as formas excluir o PSTU dos debates em sua imprensa comercial.  

O PSTU existe desde 1994 quando centenas de militantes preferiram romper com o PT a ter que segurar uma bandeira enlameada pela corrupção e misturada ao sarneísmo e ao malufismo. O PSTU não aceita dinheiro da burguesia, porque não quer firmar compromisso com os inimigos históricos do nosso povo. O compromisso do PSTU é com a classe trabalhadora, são esses que financiam a modesta campanha deste partido. 
Os candidatos do PSTU são aqueles oriundos da luta, são pessoas do povo. Por ser um partido de princípios, o PSTU é ferozmente atacado pela burguesia como “um bando de loucos”. Chama-os também de radical, e nisso eles tem razão, o PSTU é um partido que deseja ver a classe trabalhadora arrancar o mal capitalista pela raiz, mas isso só será possível com a revolução socialista.

VOTAR NO PSTU É VOTAR NA CLASSE
No Maranhão o PSTU apresenta professora Dolores como candidata à vereadora, uma mulher que tem uma bela história de luta em defesa da educação pública seja em nível municipal ou estadual. A mesma trajetória que a professora e advogada Katia Ribeiro, candidata a vice-prefeita, tem, seja em defesa educação pública ou na defesa dos trabalhadores nos tribunais dos ricos. Claudicéa Durans, candidata a vereadora, também dispensa comentários, tendo em vista a sua reconhecida militância na causa racial e como educadora do IFMA e sindicalista do SINASEFE. Rielda Alves e Eliomar Barreto são jovens lapidados na luta estudantil e no movimento popular, bem diferente da juventude burguesa que se elege usando dinheiro e sobrenome dos pais corruptos. Eloy Natan é também um jovem bancário e líder sindical que organiza a luta de sua categoria contra os ataques dos banqueiros.

O PSTU apresenta ainda os candidatos a vereadores Eduardo Santos e Costa, trabalhadores da construção que arriscam a própria pele para defender seus pares de classe. Luís Carlos Noleto é outro homem experimentado na luta de classe que, mesmo demitido da ALUMAR por defender os companheiros metalúrgicos, nunca abriu mão de seus principio socialista. É um grande exemplo de solidariedade de classe. Saulo Arcangeli, candidato a vereador, é outro camarada que se faz presente em várias lutas, seja entre os trabalhadores do judiciário, seja com os quilombolas, na luta por moradia ou com os educadores. 

E quem não conhece nosso candidato a prefeito de São Luís, Marcos Silva, uma figura pública que já faz parte da história política dos trabalhadores do Maranhão. De todos os candidatos a prefeito de São Luís é o único que tem legitimidade para falar em nome dos trabalhadores, porque toda a sua trajetória de luta foi sempre em nome dessa classe.

São Luís precisa ser governado pelos trabalhadores!
Vote nos candidatos do PSTU!

          
 * Por Hertz Dias, professor de história, militante do Quilombo Urbano e do PSTU .

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